Leite

FAEP alerta que preço abaixo
de R$ 0,30/litro é inaceitável

O ano de 2005 chega ao fim e para a pecuária leiteira não deixará saudade. Se em um período do primeiro semestre os preços recebidos pelos produtores geraram uma margem acima dos custos de produção, ainda em maio a situação se inverteu e os preços entraram em queda e não pararam mais de cair.

O ano também não foi bom para as indústrias de laticínios, o consumo de lácteos não aumentou, acirrando agressividade da concorrência entre estados com a prática costumeira de "queima de preços longe de casa", como se verificou com a

invasão do mercado paranaense de leite longa vida a preços promocionais, oriundo até do Paraguai.

A conseqüência foi a diminuição do poder de remuneração da matéria-prima pelas indústrias locais.

O gráfico a seguir mostra a variação dos preços de referência do Conseleite, que refletem justamente esse poder de remuneração da matéria-prima com base na comercialização dos derivados lácteos no atacado, comparado com os preços efetivamente recebidos pelos produtores, conforme pesquisado e divulgado pela Secretaria da Agricultura/DERAL. (confira gráfico nesta página)

Esses preços representam um pesadelo para os produtores já que estudo da FAEP apontam que, em média, os custos para produzir um litro de leite são da ordem de R$ 0,50 e em novembro, conforme o DERAL, os preços médios recebidos foram R$ 0,40 por litro.

Por si só a situação é muito grave, mas ainda pode piorar, conforme informação dos membros da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite reunida na última terça feira na Faep, dando conta de produtores que estão recebendo muito abaixo dos valores mencionados, chegando a R$ 0,20/litro.

A FAEP alerta a todos os produtores que realmente o poder de remuneração das indústrias arrefeceu em relação a anos anteriores, motivado por uma série de fatores além dos já mencionados, como a relação cambial que dificulta as exportações , o desaquecimento do consumo e a produção em patamar elevado que gera um excedente de oferta, potencializado pelo caso febre aftosa, porém não há qualquer razão para justificar a prática de preços abaixo do menor valor de referência do Conseleite, que em novembro ficou em R$ 0,3657 com projeção de R$ 0,3606 para dezembro.

A filosofia e a metodologia do Conseleite apregoam a harmonização entre produtores e indústrias, entendendo que os dois setores devem ganhar juntos em momentos favoráveis e dividir os prejuízos em momentos de crise, porém conforme o presidente do Conseleite e da Comissão Técnica, Ronei Volpi, "preços abaixo do menor valor de referência são inaceitáveis, é uma afronta aos produtores que enfrentam uma das piores crises de preços e não têm nenhuma alternativa de resistência a não ser continuar produzindo à espera do pagamento do final do mês, mesmo sabendo que, atualmente, na melhor das hipóteses, muitos dos seus compromissos não poderão ser honrados, imaginem então se o valor recebido for da ordem de R$ 0,20/litro".


Boletim Informativo nº 894, semana de 19 a 25 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR