Europeus não querem fixar
data para fim dos subsídios

Continuam travadas as negociações agrícolas na 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong. Não houve acordo entre os países para fixar a data fatal para o fim dos estímulos às exportações durante reunião do grupo consultivo do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, ocorrida 14. A informação é da Agência Brasil.

A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "União Européia e Suíça não concordaram em fixar uma data enquanto não houver definição nos temas subjacentes, que são

ajuda alimentar, subsídio ao crédito agrícola e compras governamentais", explicou Rodrigues.

O ministro disse que em reunião com o G-20, grupo de países em desenvolvimento, o comissário de comércio da UE, Peter Mandelson, estabeleceu uma firme posição contra o fim dos estímulos às exportações sem que antes se resolva os três temas subjacentes. "Essa é uma preocupação a mais que surgiu aqui em Hong Kong".

Segundo o ministro, os europeus querem estabelecer um novo paradigma, diferente do que ficou estabelecido no framework em agosto do ano passado. "Há uma frustração do G-20 em relação a esse posicionamento". Outro ponto colocado pelo comissário europeu durante a reunião é de que questão política está sendo considerada nas negociações agrícolas.

De acordo com Rodrigues, as eleições parlamentares nos 25 países da União Européia e a manutenção do governo e da democracia foram temas apontados por Mandelson. Os negociadores europeus querem conversar com o parlamento antes de tomarem decisões definitivas. "A negociação agrícola nos três pilares (acesso a mercado, apoio interno e estímulo às exportações) tem dependência política e isso é uma novidade. É uma questão que não havia sido colocada anteriormente", afirmou o ministro.

Mas Rodrigues ressaltou que se não houver um ajuste na agricultura que reduza a concentração da renda e a exclusão social propiciado pelo protecionismo, a democracia e a paz estarão em risco no mundo inteiro. "A reunião com Mandelson foi um banho de água fria. Foi uma reunião que não terminou com alegria, mas com preocupação".

Apesar de não ter sido sedimentado nenhum acordo em nenhuma área, o ministro ainda tem esperança real de que em nova reunião do grupo consultivo (green room) ainda hoje tenha algo positivo para a agricultura. "A expectativa é de que na manhã de sábado acendam-se luzes na direção de algum acordo. Mas somente até o último segundo de domingo, quando termina a reunião, se terá uma conclusão da reunião da OMC".