Brasil mantém liderança mundial
nas exportações de carne bovina

O Brasil deverá encerrar 2005, pelo terceiro ano consecutivo, como líder mundial nas exportações de carne bovina, com vendas de US$ 3 bilhões para o mercado internacional. A ocorrência de focos de febre aftosa não afetará as exportações nacionais, conforme indicam dados das vendas externas realizadas até novembro e do acumulado dos últimos 12 meses. "A queda é pequena e de magnitude extremamente inferior ao que o mercado previa", afirma o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.

O embargo de vários países à compra de carne

bovina brasileira, em virtude da febre aftosa em municípios do sul de Mato Grosso do Sul, em outubro, não impediu que os contratos de exportações fossem cumpridos. Os Estados impedidos de exportar redirecionaram sua produção para o mercado doméstico e outras unidades da Federação estão atendendo a demanda do Exterior. O dirigente da CNA lembra que a maior parte dos países importadores estabeleceu veto parcial, com restrição especialmente à carne oriunda de Mato Grosso do Sul, o que possibilitou a reorganização interna do setor produtivo para atender às demandas externas.

Os resultados das exportações de novembro e do período de 12 meses compreendido entre dezembro de 2004 e novembro de 2005 confirmam a meta de receitas com exportação já estimada pela CNA para este ano. As vendas para o Exterior, nos últimos 12 meses, incluindo novembro – seguindo o conceito de "equivalente-carcaça"- somam US$ 3 bilhões, 25,13% superior aos US$ 2,4 bilhões registrados entre dezembro de 2003 e novembro de 2004. No mês passado, as exportações in natura de carne bovina somaram 71 mil toneladas, uma queda de 22,4% em relação ao volume remetido para o mercado externo em novembro de 2004. A receita dessas vendas somou US$ 170,8 milhões, 7,6% menor em relação aos US$ 184,8 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. A queda nas exportações deve-se, também, à greve dos fiscais agropecuários no mês passado.

No mês passado, houve recuperação de preços médios da carne bovina in natura, para exportação, em 19,16%. Enquanto em novembro do ano passado, o preço médio era de US$ 2,02 mil a tonelada, no mês passado, o preço médio registrado foi de US$ 2,4 mil. Para a Rússia, por exemplo, a elevação do preço médio verificada foi de 25%; no Egito, 36% e na União Européia, 7% em relação aos preços praticados em novembro de 2004.

A Rússia continua a liderar as importações individuais do produto brasileiro, tendo comprado, em novembro, 28,7 mil toneladas de carne bovina in natura. No acumulado de janeiro a novembro deste ano, as receitas com as vendas para aquele País somam US$ 530, 4 milhões, um incremento de 132% na comparação com o mesmo período de 2004. Nos 11 primeiros meses do ano, as exportações brasileiras de carne bovina (in natura e industrializada) atingiram US$ 2,8 bilhões, 24,5% a mais que os US$ 2,25 bilhões contabilizados no mesmo período de 2004. Além do ajuste interno para atender as exportações, outro fator que tem contribuído para o Brasil manter o ritmo das vendas externas é a conquista de novos mercados. A Romênia comprou, até novembro, US$ 34,3 milhões de carne bovina brasileira. A Ucrânia importou US$ 33,1 milhões. Já as importações da Bulgária cresceram 173,6% no período, somando US$ 61,7 milhões, frente US$ 22,5 milhões, em igual período do ano passado.

Nogueira ressalta que o pecuarista enfrenta, há quase três anos, queda de renda. Estudo da CNA e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) indica que os custos totais de produção, entre janeiro e outubro, cresceram 6,21%, enquanto que o preço pago pelo boi gordo caiu 7,45%. Os focos de aftosa prejudicam a recuperação dos preços, conforme tendência iniciada na segunda quinzena de setembro. Antes dos focos, o mercado futuro negociava a arroba entre R$ 63,50 e R$ 63,90 para novembro e dezembro. No final de novembro, o mercado em São Paulo operou a R$ 54 a arroba.


Boletim Informativo nº 894, semana de 19 a 25 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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