Audiência Pública

SEAB questiona diagnóstico,
Ministério diz que seguiu regras

 



Durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara Federal (13/12), representantes da Secretaria da Agricultura do Paraná (SEAB-PR) insistiram na tese de que não houve comprovação científica da ocorrência de um foco de febre aftosa no estado. Os técnicos do Ministério da Agricultura, no entanto, garantiram que o diagnóstico positivo foi o correto – não somente do ponto de vista clínico e laboratorial, mas por que foram seguidas as normas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para caracterização de um foco. O ministério apenas aplicou os critérios internacionais.

O coordenador-geral de Combate às Doenças do ministério, Jamil Gomes de Souza, enumerou três fatores que levaram o órgão a concluir pela existência de foco de febre aftosa no Paraná: a sintomatologia clínica (os animais apresentaram lesões na boca e nas patas), a origem dos animais (Mato Grosso do Sul, onde houve foco) e o laudo de sorologia positiva. Os índices médios de reatividade encontrados nos animais do Paraná, cerca de 15% deram resultado soropositivo, estariam bem acima do limite confiável para declarar ausência da doença. Segundo Jamil Gomes de Souza, "normalmente, são feitos testes no rebanho vacinado, mas os índices de reatividade encontrados 60 dias depois da vacinação são muito menores do que os encontrados nos animais do Paraná, cuja vacinação havia sido feita em maio deste ano".

Apesar de ter anunciado as suspeitas com "90% de probabilidade de ocorrência de um foco", os representantes do Governo do Paraná mudaram de posicionamento, e alegaram que os testes realizados não são conclusivos e as lesões identificadas poderiam ter sido causadas por estresse ou por outras doenças, como a diarréia viral bovina em sua forma aguda.

Ao final da audiência, o secretário de Defesa Agropecuária informou os parlamentares sobre a liberação de R$ 37 milhões para a modernização dos laboratórios do ministério.

Governador recua e
admite abate de animais

O governador Roberto Requião admitiu pela primeira vez na semana passada que poderá concordar com o abate dos 2,2 mil bovinos da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, onde foi confirmado o primeiro foco de febre aftosa no Paraná. Apesar de negar que exista o foco, Requião acredita que esta seja uma medida eficaz para que o estado fuja das sanções internacionais.

Se a opção for essa, o Paraná poderá recuperar o status internacional de área livre de febre aftosa no prazo de seis meses. A mudança de posição de Requião foi anunciada depois que no dia anterior o Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec) – composto pelas 11 principais entidades do agronegócio paranaense (ver matéria na página anterior) – divulgou uma nota em que considerava o sacrifício sanitário do rebanho da Fazenda Cachoeira como a melhor solução para o impasse.

Isso porque o Ministério já comunicou o suposto foco de aftosa à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).


Boletim Informativo nº 894, semana de 19 a 25 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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