Ministério da Agricultura aponta
falhas das autoridades paranaenses

 



A Secretaria de Agricultura do Paraná atrasou a notificação de casos suspeitos de febre aftosa no estado e, antes de comunicar ao Ministério – como determina as normas internacionais – mandou fazer secretamente exames em laboratório próprio. A denúncia foi publicada na Imprensa (09/12) a partir de um documento, de 18 de novembro, do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura.

A nota técnica de nº 35 é assinada pelo diretor do DAS, Jorge Caetano. Aponta uma série de erros que teriam sido cometidos pelo governo do Paraná. O departamento só teria sido notificado das suspeitas em 21 de outubro, "apesar dos indícios de que o serviço veterinário oficial do estado tenha tomado conhecimento dos episódios desde (...)16/10/2005".

"Evidências apontam para problemas de notificação por parte do serviço veterinário oficial do Estado, com atraso na comunicação e, mais grave, após a execução de procedimentos não autorizados pelo Mapa, contrariando o sistema de informação implantado e colocando em risco os demais estados da Federação", diz o texto, citado pelos jornais Valor Econômico e Gazeta do Povo.

O DSA admite não ter provas para mostrar, mas relata uma cronologia dos acontecimentos.

"...fotos digitais de animais com lesões na cavidade bucal, datadas de 16/10, foram encaminhadas ao DSA, por meio eletrônico, após a notificação da suspeita" e "...o estado, sem conhecimento do DSA, colheu 548 amostras de soro sangüíneo e enviou para análise junto ao laboratório estadual (Marcos Enriete), não autorizado para realização de testes para febre aftosa", são algumas revelações.

Segundo o documento, o DSA soube das suspeitas pela imprensa. "...havia tanta certeza que o Secretário da Agricultura do Paraná, ao anunciar os episódios pela imprensa, informou ao Sr. Ministro da Agricultura, pelo telefone, que eram de 90% as possibilidades de ser confirmada a febre aftosa". A nota afirma que "ficou evidenciado que as investigações e os achados de campo subsidiaram a decisão de testar os animais em data anterior ao dia 14 de outubro. As 548 amostras de soro foram coletadas e processadas, sob sigilo, em laboratório estadual. Não se sabe de quais animais e onde estavam".

A partir do momento em que aconteceram as declarações do secretário da Agricultura, de que havia 90% de possibilidades de ser confirmada a febre aftosa, em função dos sintomas detectados, o Ministério comunicou imediatamente a existência de uma suspeita de foco à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). As normas da OIE determinam que uma suspeita oficial seja tratada como foco, o que implicaria no abate ou o sacrifício sanitário dos animais. Até a semana passada, o governo do Paraná recusava-se a acatar as normas internacionais, insistindo que o vírus não havia sido encontrado.


Boletim Informativo nº 894, semana de 19 a 25 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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