Ação rápida

Ou o governo estadual muda de postura e evita quaisquer novas medidas protelatórias ou a economia paranaense e brasileira vai pagar ainda mais caro pelo impasse criado em torno da existência de um foco de febre aftosa em seu rebanho. O alerta, em tom de exigência, foi feito pelo Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (Fundepc), organismo que reúne as principais entidades de representação do agronegócio, e encaminhada na última segunda-feira (12) à Secretaria Estadual de Agricultura.

A partir do entendimento de que o Ministério da Agricultura reconheceu oficialmente a existência do foco e já comunicou este fato à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), as entidades preconizam a tomada imediata de todas as medidas sanitárias cabíveis, sem mais nenhuma delonga. Caso contrário, o Paraná e o país permanecerão por pelo menos mais 18 meses alijados do rico mercado mundial de carnes, amargando conseqüências graves que se estenderão a vários outros setores da economia.

De fato, desde que se levantou a suspeita da contaminação em território paranaense, em meados de outubro, 53 países decretaram embargo à carne e produtos derivados de origem paranaense e de outros estados que compõem a cadeia sanitária sul. Calcula-se que já deixaram de ser exportados neste período mais de US$ 200 milhões. Frigoríficos estão parados ou trabalham em regime de quase total ociosidade. A produção industrial do Paraná, medida pelo IBGE, vem apresentando declínio. Impostos deixam de ser recolhidos. Empregos estão sendo cortados.

Formou-se um quadro de graves proporções diante do qual não é mais possível tergiversar. Insistir com a ameaça de recorrer à Justiça para contestar exames laboratoriais, prosseguir o interminável – e agora já totalmente inócuo – debate técnico com o Ministério da Agricultura, ou tomar quaisquer outras medidas que não atendam às exigências do código sanitário internacional não constituem motivos suficientes para mudar a opinião dos importadores. Ou se aplicam todos os procedimentos requeridos ou se adiará indefinidamente a solução adequada para o caso.

O agronegócio paranaense já foi fortemente prejudicado pela quebra significativa da última safra, assim como pela valorização do real frente ao dólar e pelas altas taxas de juro aplicadas aos financiamentos agrícolas. E sofre prejuízos também em razão das dificuldades que lhe foram impostas pela política estadual contrária à exportação de transgênicos pelo Porto de Paranaguá. Portanto, teimar na postura de não reconhecer a aftosa e de não enfrentá-la do modo como determinam as convenções internacionais só contribuirá para acentuar as perdas e o desestímulo. Decididamente, não é o que de mais inteligente se pode fazer neste momento.

Por todas essas razões, este jornal se alia – como já o fez semana passada neste mesmo espaço editorial – à idéia de que a questão exige resposta urgente. E agora está mais do que evidente de que quem deve dar esta resposta são autoridades estaduais.

Publicado no jornal Gazeta do Povo

dia 14 de dezembro de 2005


Boletim Informativo nº 894, semana de 19 a 25 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR