Ministério da Agricultura confirma
foco de febre aftosa no Paraná

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou semana passada (07/12) a ocorrência de febre aftosa no Estado do Paraná. A informação foi divulgada pela Agência Brasil. De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel, testes sorológicos realizados pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) no Rio Grande do Sul comprovaram a existência de um foco da doença numa propriedade com 2.212 animais no município de São Sebastião da Amoreira.

"Fatos novos relacionaram vinculação epidemiológica e sorologia positiva. Por isso, reconhecemos a situação como ocorrência de febre


"Fatos novos relacionaram vinculação epidemiológica e
sorologia positiva. Por isso, reconhecemos a situação
como ocorrência de febre aftosa", anuncia o Ministério

aftosa", disse o secretário. Ele acrescentou que o resultado sorológico indica contato anterior com o agente da doença, o que, somado à vinculação epidemiológica com focos no Mato Grosso do Sul constitui tecnicamente foco. A decisão do Ministério foi adotada conforme definido pelo Código Sanitário para os Animais Terrestres da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).

Segundo o coordenador geral de Combate à Doenças do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Jamil Gomes de Souza, foi realizada sorologia em todos os animais da propriedade de São Sebastião da Amoreira, dos quais 200 vieram da propriedade de origem do foco no município de Eldorado, em Mato Grosso do Sul. "Destes 200 animais, 22% foram reagentes ao teste de sorologia realizado pelo Lanagro do Rio Grande do Sul", explicou Souza. Os resultados, disse, indicam sinais de infecção anterior.



   O coordenador informou que vários testes foram feitos para isolar o vírus, mas estes testes, segundo ele, têm baixa sensibilidade. "A possibilidade de isolamento viral é de apenas 40 a 50% em líquido esofágico-faríngeo. E, neste caso, só há confirmação se o teste for positivo". Como não houve a confirmação por isolamento viral e baseado na vinculação epidemiológica, as investigações prosseguiram. Desta forma, foi necessário realizar a sorologia nas outras propriedades investigadas, conforme determina o código da OIE.

O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel

Maciel, disse que a confirmação do foco no Paraná não deverá ampliar os impactos econômicos já sofridos pelo Estado em função dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. "Cerca de 90% dos países que anunciaram restrições comerciais às carnes brasileiras já haviam incluído o Paraná nos embargos".


   No que se refere às medidas sanitárias, Maciel informou que o foco está localizado na área de isolamento de onze propriedades já determinada pelo Mapa desde a comunicação da suspeita da doença pela Secretaria de Agricultura do Paraná, no dia 21 de outubro. O secretário acrescentou que a eliminação do rebanho é uma decisão do governo estadual. "Se optarem pelo sacrifício dos animais, o retorno à situação sanitária anterior pode ocorrer em seis meses. Se a decisão for pelo abate sanitário em frigoríficos, o status anterior só poderá ser recuperado em 18 meses".



   Estão interditados os municípios de Amaporã, Loanda, Maringá e Grandes Rios. As propriedades localizadas nos municípios de Bela Vista do Paraíso e São Sebastião da Amoreira também estavam sob investigação porque, apesar de não apresentarem animais com sinais clínicos, receberam bovinos oriundos da área do foco. A interdição será mantida num raio de 10 km a partir do foco. "Não é necessária a interdição num raio de 25 km, como ocorreu no Mato Grosso do Sul, porque não temos informação de contaminação do meio ambiente, o que favorece a proteção de outros rebanhos", explicou Jamil Gomes de Souza.

As medidas sanitárias adotadas pelo Paraná desde a suspeitas também contribuíram para que a interdição atingisse uma área menor que a do Mato Grosso do Sul. O secretário Gabriel Maciel garantiu que a estrutura do Mapa estará à disposição do governo do Paraná para a continuidade das ações no Estado. "O trabalho de erradicação é compartilhado," finalizou.

Paraná contesta Ministério

 

O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti (foto), disse que mantém as declarações feitas durante a Escola de Governo na manhã de terça-feira (06/12) em Curitiba. Pessuti contesta o Ministério da Agricultura sobre o suposto foco de aftosa. "Continuamos afirmando que de acordo com os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria da Agricultura e com os resultados dos exames emitidos pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), até o momento, não temos aftosa no Paraná".

Durante reunião do Conselho da Agricultura, 

Pessuti disse que o estado manterá as barreiras sanitárias mas não fará o abate de animais, como pretende o ministério. Para o secretário, a situação no estado é a mesma de dois meses atrás, quando surgiram as suspeitas de foco de aftosa. A decisão de Brasília, segundo Pessuti, será contestada pelas vias diplomáticas, administrativas e judiciais.


Boletim Informativo nº 893, semana de 12 a 18 de dezembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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