Em reunião com ministro, Meneguette
pede que autoridades afinem discurso

O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, acompanhado de outros cinco líderes da agropecuária paranaense, participou de uma reunião na fazenda do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em Jaboticabal, São Paulo, no último dia 19. No encontro estava também o vice-governador e secretário da Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti. Falando em nome dos produtores paranaenses, Meneguette manifestou a preocupação do setor com as informações desencontradas, entre Ministério e Secretaria da Agricultura, ao lidar com as suspeitas de febre aftosa no Paraná.

Ágide Meneguette: O importante agora é recuperar os
mercados e a credibilidade do sistema de defesa sanitária

   Por conhecer os procedimentos que devem ser tomados em casos de emergência sanitária, como a febre aftosa, Meneguette propôs que daqui para frente os departamentos técnicos do Ministério e da Secretaria trabalhem "em conjunto e afinados para dar sustentabilidade ao ministro na decisão final sobre o caso".

O importante agora, disse o presidente da FAEP, é recuperar os mercados e a credibilidade do sistema de defesa sanitária. Tudo tem de ser feito dentro dos padrões técnicos, e com transparência, para que a decisão final sobre a febre aftosa no Paraná seja reconhecida pelos organismos internacionais. Esses organismos, e os importadores, virão ao país checar os procedimentos realizados e verificar a estrutura e a competência na solução do problema. Não podemos cometer erros, alertou Meneguette.

Após a reunião, o ministro da Agricultura anunciou a decisão de fazer novos exames em 210 bovinos do Paraná para concluir se há ou não aftosa no estado. Segundo ele, a decisão de examinar todos os animais trazidos do Mato Grosso do Sul ou que tiveram contato com rebanhos daquele estado foi tomada para que se tenha uma "imagem absolutamente tranqüila" sobre as suspeitas da doença no país.

Além de Ágide Meneguette, participaram da reunião com o ministro e o secretário da Agricultura, o diretor-executivo do FUNDEPEC-PR, Antonio Poloni; o presidente da OCEPAR, João Paulo Koslovski; o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Nemes Fernandes Ruis; e o presidente do Sindicarnes, Péricles Salazar.

Paraná enviará novas amostras

Orlando Pessuti anunciou semana passada que o Paraná enviará novas amostras de material coletado em animais com suspeita de febre aftosa para análises no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro). A decisão foi tomada pelo secretário depois que foi convencido de que os exames feitos deixaram algumas dúvidas sobre os sinais clínicos apresentados inicialmente por 19 bovinos que vieram do Mato Grosso do Sul (MS) para o Paraná. ‘’Não queremos que dúvida alguma paire sobre o Paraná. Temos que fazer novos exames para que possamos acabar com a suspeita mesmo que infundada de que houve efetivamente febre aftosa no Paraná", disse. Segundo ele, o Paraná tem sido a maior vítima no processo de descoberta de aftosa no Mato Grosso do Sul porque está sofrendo todos os tipos de restrições econômicas e barreiras comerciais.

Serão coletadas amostras de material de mais 211 animais que estão nas quatro propriedades interditadas pelo Ministério. Apenas depois destes exames é que se poderá admitir a hipótese de que outra doença tenha acometido o rebanho paranaense.

Argentina amplia embargo

A Argentina decidiu endurecer o embargo de carnes e derivados brasileiros, estendendo a proibição dos produtos de todo o Mato Grosso do Sul e também para o Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A decisão surpreendeu o Ministério da Agricultura num momento que o governo e o setor privado ainda comemoravam a decisão de Israel de retomar parcialmente o comércio de carnes e derivados com o Brasil. Os israelenses, que compraram 1,4% da carne exportada pelo país de janeiro a agosto deste ano, haviam bloqueado totalmente suas importações, mas, na segunda-feira, anunciaram que manteriam a proibição apenas para Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.