Desempenho do PIB do agronegócio
é o pior dos últimos dez anos

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro terá em 2005 a mais forte queda em dez anos, indica estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). De acordo com os resultados acumulados até agosto, é possível calcular que o PIB do agronegócio será de R$ 520,59 bilhões; frente US$ 533,98 bilhões, em 2004. "É o pior desempenho desde a primeira estimativa realizada pela CNA e Cepea, em 1995R21;, diz o chefe do Departamento Econômico (Decon) da CNA, Getúlio Pernambuco.

Segundo explica Pernambuco, o resultado é


O estudo que mede o faturamento dos 25 principais
produtos agropecuários, por meio do cálculo do
Valor Bruto de Produção (VBP), também comprova
a crise do setor rural

reflexo da drástica redução do PIB da atividade primária, principalmente da agricultura. O PIB da agricultura, sozinho, deverá cair 16,8% este ano, somando R$ 79,34 bilhões, frente R$ 95,43 bilhões, no ano passado. "A agricultura registrou quebra de safra este ano, com perda de 20 milhões de toneladas de grãos", lembra o chefe do Decon. No início do ano agrícola, havia previsão de que o País conseguiria produzir cerca de 132 milhões de toneladas de grãos na safra 2004/2005. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram, entretanto, que a produção atingiu somente 113,5 milhões de toneladas.



   Além da queda de produção, a agricultura brasileira sofreu também com a redução dos preços internacionais, devido à supersafra mundial. O produtor brasileiro colheu menos e vendeu a sua safra por valores mais baixos. Além disso, a valorização do real perante o dólar reduziu a competitividade da produção nacional e reduziu os preços recebidos pelos produtores.

"Não há como reverter essa situação em 2005. O cenário está dado, e é de perda efetiva de renda da agricultura", diz Pernambuco. Os reflexos dessa crise já começam a ser percebidos. A estimativa da

Conab para a safra 2005/2006 indica redução de 2,2 milhões de hectares na área plantada. Segundo explica Pernambuco, os agricultores estão diminuindo a demanda por insumos, o que deverá afetar os índices de produtividade. "Sem renda, será impossível aos produtores rurais seguir as recomendações agronômicas", diz.


   A pecuária também apresenta queda de renda, com PIB estimado em R$ 64,47 bilhões para 2005; frente R$ 65,22 bilhões, no ano passado. Conforme explica Pernambuco, ao criador de gado de corte não foram repassados os bons resultados de exportações de carnes (que registraram aumentos de valores negociados e de volumes remetidos). "O surgimento de casos de febre aftosa tendem a piorar a situação, aumentando a oferta de carne no mercado interno e deprimindo preços", diz Pernambuco, lembrando que vários países embargaram a compra de carne brasileira, seja de forma parcial ou total.



   O estudo que mede o faturamento dos 25 principais produtos agropecuários, por meio do cálculo do Valor Bruto de Produção (VBP), também comprova a crise do setor rural. A estimativa da CNA é que o VBP do produção agropecuária brasileira será de R$ 167,9 bilhões este ano, 11,2% menor que os R$ 188,9 bilhões do ano passado. A retração do faturamento reflete a crise das lavouras. Sozinho, o VBP da agricultura cairá 17,2%, somando R$ 98,5 bilhões este ano, frente R$ 118,8 bilhões, no ano passado.



   Os produtos com maior queda do VBP são soja, milho, arroz, algodão e trigo. O faturamento da soja é estimado em R$ 25,2 bilhões para 2005, 32,6% menos que os R$ 37,5 bilhões do ano passado. O preço médio de negociação da soja, em valores de outubro deste ano, é de R$ 490 por tonelada, frente R$ 750 por tonelada, no em igual período do ano passado. Quedas dos preços de negociação no mercado interno também levaram à redução do VBP nas demais culturas.

O arroz, que era negociado a R$ 690 por tonelada, em outubro do ano passado, vale R$ 500 por tonelada, em igual período deste ano. No segmento

de carnes, a principal queda atinge a pecuária bovina, que tem VBP projetado em R$ 30,3 bilhões, este ano, frente R$ 32,2 bilhões, em 2004. Na pecuária de corte, a queda dos preços atingiu o faturamento. Em outubro do ano passado, o preço médio da arroba era de R$ 57,92; mas caiu para R$ 51,95 em outubro deste ano.


Boletim Informativo nº 889, semana de 14 a 20 de novembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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