Estados fora das áreas de aftosa
garantem recorde de exportações

A cadeia da bovinocultura de corte brasileira se reorganizou para atender as exportações, evitando conseqüências mais drásticas dos casos de febre aftosa sobre a balança comercial do país. Segundo análise do presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, as exportações de carne bovina devem atingir novo recorde em 2005, com remessas que somarão cerca de US$ 3 bilhões. Nogueira avalia, entretanto, que se não houvesse o registro de aftosa as exportações de carne bovina seriam ainda maiores, tanto em valores como em volume.

Com base nos resultados de exportações de outubro e do acumulado nos últimos 12 meses, a


Os valores atuais ainda não recuperaram a queda
de renda desde o final de 2003 pela pecuária
de corte, afirma Nogueira

conclusão é de que os focos de febre aftosa em municípios do sul de Mato Grosso do Sul, no início de outubro, não vão comprometer as estimativas do início do ano. Em 2004, o Brasil exportou US$ 2,5 bilhões em carne bovina.

Antenor Nogueira explicou que o mercado interno se reorganizou para exportar. Ou seja, Estados que estão impedidos de exportar estão direcionando sua produção de carne bovina para o mercado interno; enquanto que os demais Estados estão suprindo a demanda de exportação.

As exportações dos últimos 12 meses, incluindo outubro deste ano, totalizam receitas de US$ 3,01 bilhões com remessas de carne bovina, 28,8% a mais que os US$ 2,33 bilhões obtidos pelo segmento entre novembro de 2003 e outubro de 2004. No mês passado, as exportações de carne bovina atingiram 161 mil toneladas (dentro do conceito de "equivalente-carcaça"), 7,35% menos que as 173 mil toneladas de outubro de 2004. Essas remessas renderam ao País US$ 213 milhões, 4,77% menos que os US$ 223 milhões do mesmo mês do ano passado. Os dados referem-se justamente ao período em que diversos países fecharam seus mercados à carne bovina brasileira, depois de confirmado no início do mês passado foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul. No mês passado, a Rússia comprou, sozinha, 36,4 mil toneladas de carne bovina in natura brasileira, frente 17,5 mil toneladas, em outubro de 2004. As receitas de exportação do segmento para a Rússia somaram US$ 68 milhões no mês passado, frente US$ 27,8 milhões, em outubro de 2004. Entre janeiro e outubro, as exportações de carne bovina brasileira (in natura e industrializada) somaram US$ 2,57 milhões, 27% a mais que o US$ 2,02 milhões de igual período do ano passado.

Segundo Nogueira, não é apenas o ajuste interno das plantas exportadoras que está permitindo ao Brasil manter o ritmo das remessas de carne bovina. Ele lembra que o preço do produto brasileiro é competitivo e que não há outros países com capacidade de suprir a oferta do País, tanto em valores como em quantidade.

O presidente do Fórum de Pecuária de Corte acredita também que todos os embargos internacionais serão retirados em breve, devido ao fato de que os focos de aftosa estão controlados e que todas as normas internacionais exigidas para o caso foram cumpridas. Com isso, "acredita-se que os embargos não devem durar mais que seis meses", diz. Além disso, "o Governo brasileiro constituiu um grupo de técnicos que estão desde a semana passada visitando países importadores, esclarecendo dúvidas que possam existir e, com isso, acreditamos que esses embargos devem ser retirados paulatinamente", acrescentou.

Queda de Renda - Apesar do controle eficaz da aftosa e da manutenção das exportações, o pecuarista continua enfrentando queda de renda. Estudo da CNA e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) mostra que o preço pago pelo boi gordo ao pecuarista caiu 15,49% entre janeiro e setembro, enquanto que os custos de produção subiram 5,21%. Os preços médios de negociação do boi gordo no mercado futuro ainda refletem a baixa causada pelos focos de febre aftosa, mas se referem a São Paulo, Estado que ainda está sob o embargo da União Européia, destaca o representante da CNA. Os valores atuais ainda não recuperaram a queda de renda desde o final de 2003 pela pecuária de corte, afirma Nogueira.


Boletim Informativo nº 890, semana de 21 a 27 de novembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR