Sudoeste

Recebido com tratoraço,
Requião xinga agricultores


Agricultores ostentam faixas defendendo a liberdade
para plantar transgênicos

Ao visitar o município de Santo Antônio do Sudoeste para inaugurar uma obra de estação de tratamento de esgoto o governador do Paraná perdeu a compostura, xingando os agricultores que ostentavam faixas defendendo a liberdade para plantar transgênicos. Requião chamou os produtores rurais de burros e, destemperado, dirigiu-se a um grupo que segurava uma faixa sobre o programa Panela Cheia: "esse pessoal mal informado, com o perdão da palavra, que peguem essa faixa e enfiem no rabo!"

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Pranchita, Renato Mari, os agricultores de Pranchita e de Santo Antônio levaram trezentas máquinas até 

a margem da PRT 163, ao lado do CTG Querência da Fronteira, onde Requião iria discursar, na hora do almoço. Ao chegar ao local, e depois de ler as faixas que pediam a liberação dos transgênicos, o governador atacou os agricultores, a multinacional Monsanto, as cooperativas e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).

Ao defender a soja convencional, dizendo que tem mercado no mundo inteiro, Requião foi vaiado pelos produtores rurais. E respondeu: "eu disse que burrice não doía, se doesse, burro vivia urrando. Mas parece que a burrice dói por que vocês estão urrando como burros".

No discurso, entrecortado por vaias, Requião afirmou que os agricultores do Rio Grande do Sul estão "desesperados por que a Monsanto está lá cobrando licença para eles. Licença na semente e na venda. E eles não tem como pagar. Por que a semente é muito fraca na seca e o Rio Grande não colheu nada, só 675kg por hectare".

"Não admito molecagem comigo", afirmou o governador, diante dos ruídos da platéia. "Não sou governador de brinquedo. Embora a ignorância de vocês não entenda, eu estou defendendo a agricultura de vocês, o futuro de vocês, estou tentando evitar que o Paraná entre no erro que entrou os Estados Unidos que perdeu metade de suas exportações",.

"No porto de Paranaguá a soja convencional vale 15% mais que a transgênica. Eu não proibi o plantio da soja transgênica no PR, eu só disse que gente inteligente não comete esta bobagem, só disse que quem comprasse não teria para quem vender", afirmou o governador. O ataque se estendeu às cooperativas: "Vamos plantar para quê? para atender o interesse de algumas cooperativas, que querem a escravização da semente, querem escravizar os agricultores?" Nesse ponto, o governador voltou a insultar os produtores: "Vejo que são agricultores simples que estão sorrindo feito burros numa reunião em que eu trago benefício para Santo Antonio. Não se planta maconha no Paraná, por que é proibido por lei, não se vende cocaína, não se deixa entrar gado com aftosa, por que isso protege a nossa pecuária e a nossa agricultura, mas soja transgênica não está proibida. Só que é preciso ser muito burro e ignorante para plantar". As declarações do governador foram gravadas por emissoras de rádio e televisão da região.


Boletim Informativo nº 890, semana de 21 a 27 de novembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR