Autoridades dizem que febre
aftosa não chegou ao Paraná

Três semanas depois de comunicada a suspeita de ocorrências de febre aftosa no rebanho paranaense, as autoridades estaduais e federais chegaram à conclusão de que a doença não chegou ao território paranaense. A notícia saiu na Imprensa antes mesmo da apresentação do laudo técnico do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém do Paraná.

No tempo em que ficou sob suspeita, o Paraná sofreu uma série de embargos e medidas restritivas aos seus produtos agropecuários, tanto de estados vizinhos da federação como dos países importadores 

– que custarão a ser revertidos. Os prejuízos se espalharam para além da cadeia de bovinocultura de corte, atingindo criadores de gado de leite, suinocultores e até avicultores, além de diversos setores da agroindústria.

O drama começou no dia 21 de outubro, quando a Secretaria de Agricultura comunicou ao Ministério que havia sintomas de febre aftosa em animais de propriedades localizadas nos municípios de Loanda, Amaporã, Maringá e Grandes Rios. Eram 19 bovinos vindos de Mato Grosso do Sul e vendidos na feira agropecuária de Londrina.

A avaliação de que o Paraná estava livre da febre aftosa foi ganhando força antes mesmo da apresentação do laudo oficial. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que poderia ter se precipitado ao dizer que havia 90% de chances de a doença ter chegado ao Paraná.

Para o presidente da FAEP e do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (FUNDEPEC-PR), Ágide Meneguette, a notícia de que os exames deram negativo deve ser comemorada, mas, é preciso também apurar responsabilidades pela demora na conclusão do laudo. O episódio, segundo Meneguette, só causou prejuízo aos produtores e arranhou a credibilidade do país junto aos clientes internacionais. Ele analisou, no entanto, que as medidas sanitárias tomadas foram as mais corretas diante da iminência de focos da doença.

Os embargos à carne brasileira tinham começado em 10 de outubro, depois de confirmado o primeiro foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, principal estado exportador, com 25 milhões de cabeças de gado. A divulgação da suspeita no Paraná levou a uma ampliação das medidas restritivas.

O governador do Paraná culpou o Laboratório Nacional da Agricultura (Lanagro), de Belém do Pará, ligado ao Ministério da Agricultura, pelo atraso na emissão do laudo técnico. Segundo Roberto Requião, o laboratório não tinha condições de realizar os exames, de isolar os vírus e completar os testes em tempo hábil. Por isso demorou tanto para divulgar os resultados.

Governo admite que errou

Durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara, o ministro Roberto Rodrigues admitiu que pode ter agido com precipitação ao dizer que havia 90% de chances de o Paraná ter focos de febre aftosa, em função do contato com animais do Mato Grosso do Sul. "Acho que eu criei uma expectativa de que era aftosa e agora os exames estão dizendo que aparentemente não são", acrescentou.

Por causa das suspeitas, houve fechamento dos mercados internacionais à carne paranaense, assim como a suspensão do trânsito de animais vivos, do comércio de carne industrializada, produtos e subprodutos agropecuários de 36 municípios. Sem ter para quem vender, produtores de leite jogaram fora boa parte da produção ou a usaram como adubo. O ministro confirmou que o governo poderá analisar ajuda aos pecuaristas paranaenses prejudicados com as restrições.

Ele disse preocupado com os esforços necessários para recuperar a credibilidade da defesa sanitária do país. "Se tivesse uma definição que era aftosa, já teríamos executado todas as ações. Não sendo, cria um constrangimento até para o país explicar lá fora. Não era, houve um engano, era um engano. Isso é ruim para nossa credibilidade", afirmou.

O desafio agora será reabrir os mercados fechados após as suspeitas da doença. A preocupação foi manifestada pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Pratini de Moraes, um dos primeiros a saber que não houve focos no Paraná. Pratini sugeriu intensificar as visitas de técnicos brasileiros aos mercados estrangeiros para levantar os embargos o mais rápido possível.


Boletim Informativo nº 889, semana de 14 a 20 de novembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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