Irresponsabilidade trouxe de
volta a ameaça da febre aftosa

A irresponsabilidade do Governo Federal, que cortou verbas já reduzidas para a defesa sanitária, trouxe a febre aftosa de volta ao mapa da região Sul do Brasil. E não foi por falta de advertência. "Não foi nem uma, nem duas vezes. Foram várias as vezes que a FAEP advertiu sobre os perigos da volta da febre aftosa. Foram artigos na imprensa, ofícios às autoridades, declarações públicas, sempre alertando principalmente o Governo Federal, censurando a irresponsabilidade dos sistemáticos cortes das verbas destinadas à defesa sanitária animal e vegetal", disse o presidente do FUNDEPEC-PR, Ágide Meneguette, nos fóruns regionais que mobilizaram produtores para a campanha de vacinação.


Ágide Meneguette: "Não foi nem uma, nem duas vezes.
Foram várias as vezes que a FAEP advertiu sobre os
perigos da volta da febre aftosa"


   Os dez anos sem nenhum caso de febre aftosa, no entanto, ajudaram a criar uma consciência entre os produtores paranaenses de que a defesa fitossanitária não é apenas responsabilidade dos governos, mas dever de cada um. Dentro desse espírito de mutirão e cumprimento do dever, começou na semana passada a 2ª campanha de vacinação deste ano, que se estende até 20 de novembro. O lançamento da campanha foi feito pelo secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.



   A vacinação foi antecedida por cinco grandes encontros com produtores rurais, os Fóruns Paraná na Luta contra a Febre Aftosa. Os debates regionais ajudaram a esclarecer dúvidas e a mobilizar toda a sociedade para derrotar a febre aftosa.

O primeiro fórum foi em Cascavel, dia 28 de outubro, no CTG Estância Colorada. O segundo, no mesmo dia, foi em Umuarama, no Campus 3 da Unopar.O terceiro aconteceu em Paranavaí, no sábado (29), no Parque de Exposições do Município. O quarto e o quinto fórum, respectivamente, aconteceram em Ponta Grossa e em Londrina,

ambos no dia 31 de outubro. Em Ponta Grossa o encontro foi no auditório da Universidade Estadual. Em Londrina, no auditório da Sociedade Rural do Paraná.


   O presidente do FUNDEPEC-PR, Ágide Meneguette, lembrou que o surgimento de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul não foi simplesmente uma fatalidade, mas o resultado de uma política equivocada do Governo Federal no tratamento da vigilância fitossanitária no país.

"Embora o Mato Grosso do Sul tenha parte da responsabilidade pelo reaparecimento da doença, é preciso reconhecer que cuidar de uma fronteira seca de 700 quilômetros com o Paraguai - onde todo mundo sabe que há aftosa - não é tarefa fácil e nem realizável sem uma vigorosa ajuda federal.



Aliás, sendo fronteira, a responsabilidade federal é maior ainda", disse Meneguette.

O presidente do FUNDEPEC-PR criticou também a forma como o presidente da República e o ministro da Fazenda reagiram à febre aftosa, jogando a culpa nos produtores e dizendo que o Governo havia liberado os recursos necessários para a defesa sanitária. O próprio Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAF), que indica as dotações orçamentárias e o que foi liberado, desmentiu o governo. Descobriu-se que, até setembro, o Governo estava retendo 97% dos recursos destinados a 20 programas da área de

vigilância fitossanitária. "É um absurdo! Uma falta completa de sensibilidade!", afirmou Meneguette. "Essa economia burra de 107 milhões de reais - que já é muito pouco - compromete exportações do agronegócio no valor de 17 bilhões de dólares, que corresponde ao que foi exportado até agosto deste ano em carnes, frutas, soja, milho, algodão, café e outros produtos", completou.

Quanto à atitude dos produtores rurais, Meneguette disse que é preciso recuperar a atenção dada à sanidade durante a guerra para a conquista da área livre. Governo e produtores precisam


retomar seus deveres – disse ele – e, em conjunto, voltar novamente a atuar de forma permanente para manter o status sanitário no Paraná.

O secretário Orlando Pessuti falou em união de todos para derrotar a doença. "Que seja um mutirão na prevenção da aftosa, por meio da união do Governo do Estado, Ministério da Agricultura, das entidades que formam o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária e o Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Estado do Paraná. Esperamos que todo o rebanho paranaense seja imunizado contra a doença".


Boletim Informativo nº 888, semana de 7 a 13 de novembro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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