Febre Aftosa |
O barato que sai caro |
Os números do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) comprovam que o Governo Federal vem tratando a vigilância fitossanitária no país de maneira irresponsável. Uma reportagem do jornal "O Globo", do dia 23/10, mostrou que o governo reteve 97% dos recursos destinados a 20 programas da área de vigilância fitossanitária. Esta retenção de recursos levou o presidente do FUNDEPEC-PR, Ágide Meneguette, a pedir uma interpelação oficial do Congresso aos ministros do Planejamento e da Fazenda para que justifiquem os cortes feitos no orçamento destinado à Defesa Sanitária Agropecuária. Na mesma carta, Meneguette sugeriu que o Congresso formalize um pedido ao Centro Pan Americano de Combate à Febre Aftosa para que seja investigada a informação de que há ocultação de ocorrências de focos da doença no Paraguai. |
Segundo a reportagem, o combate a outras doenças que atacam o gado brasileiro, como a tuberculose e a brucelose (doença infecciosa que pode ser transmitida ao homem), também está comprometido com a retenção dos recursos do Orçamento. Este ano foram destinados R$ 2 milhões a esse |
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programa, mas até setembro somente R$ 126 mil tinham sido liberados (6,46%). Para o controle do mal da vaca louca, que já dizimou rebanhos da Europa, o Ministério reservou R$ 2,5 milhões, mas até setembro só 13,6% desses recursos tinham sido liberados. As exportações de carne bovina chegaram a US$ 2,1 bilhões entre janeiro e agosto deste ano. E os prejuízos provocados pela febre aftosa para o comércio exterior e os produtores, estimados inicialmente em US$ 1 bilhão, ainda são imensuráveis com a descoberta de novos focos e o bloqueio de mais de 40 países às importações do produto brasileiro. Os números do Orçamento mostram que o programa de prevenção, controle e erradicação das doenças da avicultura recebeu R$ 3 milhões no Orçamento de 2005, mas apenas R$ 144 mil foram liberados até setembro, o que corresponde a 4,8% do total. O país exportou até agosto US$ 2,3 bilhões em carnes de frango e peru, mas, em tempos de gripe aviária, a preocupação dos importadores com o controle sanitário aumentou, como também os riscos em torno dessas espécies. Os números do Orçamento do Ministério da Agricultura mostram que os recursos para o combate às pragas na lavoura também foram fortemente reduzidos em nome do ajuste fiscal. O programa de prevenção e controle de pragas na fruticultura teve uma dotação aprovada de R$ 1 milhão, mas só R$ 91,7 mil foram liberados até setembro (9,1%). Para erradicar o cancro cítrico, doença que causa lesões em folhas e frutos nos laranjais, o ministério reservou R$ 3 milhões no Orçamento deste ano, mas liberou só R$ 61 mil (2%). O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo e, até agosto, as exportações do suco e de frutas reforçavam a balança comercial em US$ 890 milhões. A soja é outro produto com grande peso na balança comercial — as exportações este ano já somam US$ 6,5 bilhões — que sofre com as pragas da lavoura. A ferrugem asiática (que queima as plantações) provocou perdas de R$ 6 bilhões aos produtores brasileiros em 2004, mas os recursos do governo para o combate às doenças que atacam essa cultura são escassos. O Orçamento dispõe de R$ 1,2 milhão para a prevenção e controle de pragas em oleaginosas e plantas fibrosas (categoria em que se enquadra a soja), mas apenas R$ 80,7 mil foram liberados até setembro, o que equivale a 6,7% dos recursos aprovados para o programa. |
Boletim Informativo nº
887, semana de 31 de outubro a 6 de novembro de 2005 | VOLTAR |