Apesar dos prejuízos, luta contra a | |
A suspeita de existência de focos de febre aftosa no Paraná, a partir de animais procedentes do Mato Grosso do sul, não irá jogar por terra o que se conquistou nos últimos 10 anos em que o estado esteve livre da doença. O embargo dos mercados importadores trará inevitáveis prejuízos, agravados pela crise cambial que deprime os preços das commodities agropecuárias. O recomeço, no entanto, não será a partir do marco zero, mas de algo que já foi construído na última década, como a consciência entre os produtores rurais de que é preciso manter a guarda permanentemente. "Neste recomeço é preciso mostrar que aprendemos algumas lições importantes, e a primeira |
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delas é a necessidade de retomar nossos deveres e, governo e iniciativa privada em conjunto, voltar a atuar de forma permanente para reconquistar e manter o status sanitário do Paraná", afirmou o presidente da FAEP e do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (Fundepec-PR), Ágide Meneguette (ver artigo neste boletim). Por outro lado, a sociedade brasileira têm o direito e a obrigação de pressionar o Governo Federal por mudanças de comportamento. "Ao cortar verba orçamentária de uma dotação que já era ridícula, o governo mostrou que não estava interessado em sanidade, pois, se estivesse – e deveria estar pelo volume de exportações do agronegócio – ao invés de cortar verbas, as aumentaria", disse Meneguette. | |
Ao não liberar recursos orçamentários, disse Meneguette, o governo expôs a agropecuária a um grave risco, atingindo não somente a economia do Paraná – que exporta anualmente mais de US$ 637 milhões em carnes – mas também a economia de vários outros estados. Exageros. Logo após a suspeita de febre aftosa, vários estados brasileiros criaram barreiras a produtos agropecuários paranaenses, mesmo aqueles oriundos de regiões distantes dos supostos focos. Na ânsia de evitar a progressão de surtos epidêmicos, foram adotadas unilateralmente medidas exacerbadas – como a proibição do trânsito de quaisquer animais, de leite em pó, carne industrializada, queijo e ovos. Essas medidas, segundo uma nota do Fundepec-PR, apenas "trouxeram prejuízos e intranqüilidade aos produtores rurais, às agroindústrias e aos consumidores". Em ofício enviado ao ministro da Agricultura, o vice-presidente do Fundepec-PR, Wilson Thiesen, disse que, "para evitar exageros, é preciso uma intervenção rigorosa e pronta das autoridades sanitárias federais, mediando possíveis conflitos estaduais e adotando as medidas corretas". As entidades do agronegócio que fazem parte do Fundepec-PR reafirmaram a necessidade de governo e produtores rurais se unirem para reduzir ao máximo os perigos de novas ocorrências. Solicitaram, no entanto, "tratamento equânime entre os Estados no que diz respeito aos recursos destinados à segurança sanitária e às indenizações pelo sacrifício de animais para debelar surtos de febre aftosa". Na avaliação do Fundepec-PR, é preciso que o Governo Federal "negocie com os países limítrofes medidas de sanidade animal, principalmente com aqueles cujas fronteiras secas são uma porta de entrada fácil para doenças que podem criar embaraços ao nosso comércio, a exemplo do que já foi realizado em relação à Bolívia, com intervenção conjugada do Ministério da Agricultura, Secretarias da Agricultura de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além das Federações da Agricultura e das Administrações Regionais do Senar". |
Boletim Informativo nº
887, semana de 31 de outubro a 6 de novembro de 2005 | VOLTAR |