Porto de Paranaguá perde para 
outros portos embarque de soja

 

Em reportagem de primeira página o jornal Gazeta do Povo (19/10) mostra que o Porto de Paranaguá perdeu participação nos embarques de soja em grão. O jornal cita dados do Ministério do Desenvolvimento, que aponta que as vendas brasileiras do produto para outros países subiram 5% entre 2003 e 2005 – comparação que leva em consideração os nove primeiros meses de cada ano. Em Paranaguá, houve uma queda de 16,5% no mesmo período, o suficiente para que o porto perdesse para Santos a primeira colocação no ranking brasileiro da exportação de soja. O fenômeno é reflexo da quebra na safra ocorrida neste ano e do veto imposto à entrada de transgênicos nos terminais paranaenses, o que levou ao desvio de cargas para outros portos.

A queda nos embarques de soja em Paranaguá, segundo publica a Gazeta, só não foi maior do que no Porto de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul, onde a redução foi de 85% no mesmo período.

Leia a seguir trecho da reportagem do jornal:

"A quebra na safra gaúcha foi mais severa do que no Paraná e a estrutura está mais isolada de outras regiões produtoras. A colheita paranaense encolheu em cerca de 20% e, com isso, o total exportado caiu de 4,3 milhões de toneladas em 2004 para 3,3 milhões de toneladas em 2005. Para piorar a situação em Paranaguá, o fechamento dos portões à entrada da soja transgênica fez com que exportadores do estado procurassem o pequeno Porto de São Francisco do Sul.

Foi no porto catarinense que mais cresceu o embarque de soja nos últimos dois anos. Nos primeiros nove meses de 2003, foram exportadas 716 mil toneladas do grão por São Francisco. No mesmo período de 2005, foram 1,8 milhão de toneladas, um aumento de 161%. Parte deste volume tem origem no Paraná. Há dois anos, os exportadores paranaenses escoaram 106 mil toneladas por Santa Catarina. Neste ano, foram 443 mil toneladas.

Empresas que negociam o grão buscam o porto de São Francisco quando há mistura de soja geneticamente modificada com a convencional. "O volume de soja transgênica plantada no Paraná foi grande e ela está sendo exportada por Santa Catarina", diz Clóvis Schidlowski, diretor da Lavoura, uma empresa de Pato Branco que comercializa cereais. Ele calcula que cerca de 20% da última safra da região em que atua foi composta pela variedade transgênica.

Para o especialista em grãos Tony Silva, diretor da corretora Granoforte, de Cascavel, o porto errou ao apostar que haveria uma demanda crescente para a exportação de soja convencional por Paranaguá. "A estratégia do estado foi incorreta. Existem 27 pontos nas divisas do Paraná por onde poderiam entrar sementes transgênicas e isso ocorreu", afirma. Segundo ele, o porto também corre o risco de perder a chance de se firmar como uma alternativa forte para o produto do Mato Grosso, maior exportador do grão, com 6,9 milhões de toneladas embarcadas até setembro.

Agilidade - Paranaguá tem captado mais soja do Mato Grosso. Foram 943 mil toneladas nos primeiros nove meses deste ano, contra 329 mil toneladas no mesmo período de 2003 – um crescimento de 186%. Mesmo assim, o porto paranaense fica atrás de São Francisco do Sul, Santos e Manaus. O presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), Homero Alves Pereira, lembra que até este ano a proibição aos transgênicos em Paranaguá não afetou a escolha dos traders daquele estado porque poucos produtores optaram pela novidade. Os exportadores, segundo ele, têm preferido São Francisco e Manaus por terem estruturas mais ágeis.

Pereira prevê que crescerá o volume de grãos geneticamente modificados que saem do Mato Grosso. "O plantio da soja transgênica na próxima safra será regulado pela oferta de sementes", diz. "Certamente no Mato Grosso haverá convencional e transgênica." Previsão da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) indica que a variedade geneticamente modificada ocupará entre 20% e 25% da área plantada com a cultura na safra 2005/ 2006. Haveria, portanto, produto convencional suficiente para ocupar Paranaguá. "O problema é que há um custo para separar os dois e o mercado não está pagando por isso", completa Pereira."

 


Boletim Informativo nº 886, semana de 24 a 30 de outubro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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