Balança comercial de lácteos |
Superávit cresce 577%, mas preço
O segundo semestre está sendo um período de
resgate no superávit na A balança comercial de lácteos registrou, em setembro, um superávit de US$ 5,5 milhões; resultado 577% superior ao saldo positivo de US$ 820 mil, em igual mês do ano passado. Os números comprovam que o complexo de lácteos brasileiro têm competitividade no mercado internacional, mesmo em época em que a moeda nacional está supervalorizada perante o dólar. “É o terceiro mês consecutivo em que temos superávit na balança comercial de lácteos”, diz o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNPL) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim. O presidente da CNPL/CNA alerta, porém, que apesar dos bons resultados das exportações, no campo a situação é de crise, com constante queda dos preços pagos ao produtor. O criador de gado de leite, está perdendo renda, recebendo pouco pelo seu produto, para sustentar a competitividade dos lácteos brasileiros no mercado internacional. São esses preços baixos que estão sustentando a elevação das exportações. “A CNA acredita que, na situação atual, há margem para cessar a tendência de queda dos preços pagos ao produtor”, diz Alvim. Em setembro, o valor médio pago pela indústria foi de R$ 0,48 por litro de leite; valor 17,4% menor que o R$ 0,58 por litro que vigorava no mesmo mês do ano passado (preço atualizado pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna / IGP-DI), conforme apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Ao consumidor, no entanto, não está sendo repassada a mesma queda dos preços imposta ao produtor pelo leite. No varejo, o preço do leite caiu 5% entre junho e setembro, conforme variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – Laticínios, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para o produtor, entretanto, a queda do preço recebido foi de 18,4% no mesmo período, segundo o Cepea/USP. De janeiro a junho, o déficit na balança de lácteos era de US$ 17,9 milhões. Mas os superávits dos últimos três meses (julho, agosto e setembro) de US$ 9,9 milhões, começaram a reverter esse quadro negativo. Dessa forma, no acumulado entre janeiro a setembro, a balança comercial de lácteos reduziu o déficit para US$ 8 milhões, resultado de exportações que somaram US$ 88,3 milhões e importações de US$ 96,3 milhões. O segundo semestre, avalia Alvim, está sendo um período de resgate no superávit na balança de lácteos, mas às custas do baixo preço pago ao produtor. Dessa forma, o Brasil pode encerrar o ano sem déficit ou até mesmo com pequeno saldo comercial positivo na balança comercial de lácteos, evitando o gasto de divisas do País. O ano passado foi o primeiro em que o Brasil obteve superávit na balança comercial de lácteos, com saldo positivo de US$ 11,5 milhões. Historicamente, o País era um grande importador de lácteos. Em 2003, por exemplo, o segmento de lácteos apresentou déficit de US$ 63,8 milhões.
A situação do produtor não é ainda pior porque a Argentina, maior vendedor de lácteos para o Brasil, recentemente decidiu aplicar taxação de 10% a 15% nas suas exportações de queijos e leite em pó. Isso evita que aumente ainda mais a oferta de lácteos no mercado nacional, o que depreciaria ainda mais os preços ao produtor. Conseleite-Paraná - No Paraná, os últimos dados do Conseleite apontam estabilidade para os valores de referência no mês de setembro. Para Ronei Volpi, presidente do Conseleite, embora não haja motivos de comemorações, pois esses valores mostram os menores preços praticados nos meses de agosto e setembro dos últimos dois anos, a tendência de estabilidade já é um alento para os produtores que viram a renda minguar mês após mês em plena entressafra.
O gráfico abaixo comprova a crise do setor
produtivo através do comportamento dos preços de referência do Conseleite. |
Boletim Informativo nº 885, semana de 17 a
23 de outubro de 2005 | VOLTAR |