Caso foi combatido com rapidez O Brasil foi ágil no combate ao foco de febre aftosa no município de Eldorado, e tal rapidez precisa ser reconhecida pelos importadores de carne bovina brasileira e entidades sanitárias internacionais. A avaliação é do presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. “Todas as medidas sanitárias exigidas pelas normas internacionais foram cumpridas. O Brasil demonstrou maturidade no tratamento do assunto”, disse o representante da CNA. Nogueira lamenta o fato, mas alerta que cabe agora às autoridades do País apresentar aos importadores de carne bovina brasileira as medidas sanitárias adotadas, de forma a reduzir ao máximo o impacto negativo que o fato possa ter sobre as exportações do segmento. O representante da CNA destaca que a região do foco já foi isolada, e que não há risco de comprometimento de rebanhos de outros Estados. “Estados como Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina há mais de dez anos não registram casos de febre aftosa”, destaca Nogueira, ao argumentar que o País, como um todo, não pode ser punido por um problema isolado e que já foi controlado. “Transparência é demonstração de maturidade, e é isso que tem de ser levado em consideração”, afirma o representante da CNA. Para Nogueira, o passo primordial é apurar como a doença se instalou no rebanho de uma fazenda sul-mato-grossense, dentro de uma área considerada livre de febre aftosa, com vacinação. “Mas ainda não há como precisar a origem do foco da doença”, disse, referindo-se a suspeitas de que poderia haver presença de gado trazido do Paraguai. “Se a culpa for do fazendeiro, que não vacinou seus animais, ele terá de ser punido. Mas toda essa situação ainda precisa ser apurada. O importante é que o episódio foi controlado”, diz. O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Leôncio de Sousa Brito Filho, também lamenta a detecção de caso de febre aftosa em seu Estado, e defende que seja apurada a origem do foco da doença e a identificados os responsáveis. Em Mato Grosso do Sul, não era registrado nenhum caso de febre aftosa desde 1999. O Estado tem um rebanho de 25 milhões de cabeças, com abate de cinco milhões de animais por ano, ou seja, é uma taxa de 25% de desfrute. Segundo Léo Brito, Mato Grosso do Sul registra um abate mensal de 320 mil animais, dentro do Estado; além de remeter mais 80 mil bovinos mensalmente para outros Estados, principalmente São Paulo. O Estado responde por quase metade da carne bovina brasileira exportada pelo País, explica Brito. “É uma notícia muito ruim para Mato Grosso do Sul”, diz o presidente da Famasul. “É impossível deixar de dizer que faltam recursos do Governo federal para a área de proteção e vigilância sanitária, mas ainda é cedo culpar o Governo federal, o governo estadual ou um só pecuarista”, diz Brito, que não descarta, inclusive, o surgimento de um novo tipo de vírus. Ele lembra que o Brasil exporta carne bovina para 142 países, e que frente ao surgimento desse caso de febre aftosa em Mato Grosso do Sul alguns importadores poderão, momentaneamente, suspender compras.
Mas o presidente da Famasul diz que a rapidez
na adoção das medidas sanitárias necessários e a transparência com que o
tema foi tratado farão com que o problema se reverta. O fato, destaca, já
foi comunicado à Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). “Passado esse
momento crítico, tudo voltará ao normal. Em poucos dias, os outros Estados e
outros municípios de Mato Grosso do Sul retomam a situação original.”,
avalia Brito. Ele lembra que foi decidido que na próxima quarta-feira
ocorrerá reunião do Centro Panamericano de Febre Aftosa, na cidade de
Eldorado (MS), para que os países da região em conjunto discutam o problema
e busquem soluções para evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer. |
Boletim Informativo nº 885, semana de 17 a
23 de outubro de 2005 | VOLTAR |