Febre aftosa em Mato Grosso do Sul Ainda surpreendido com a notícia do novo foco de febre aftosa a poucos quilômetros do seu território, o Paraná entrou em alerta no início da semana passada. O objetivo é evitar que o vírus – do tipo O -, que atacou 140 dos 592 bovinos de uma fazenda do Município de Eldorado (Mato Grosso do Sul) cruze a divisa e manifeste-se aqui no Estado. “Temos que preservar a qualquer custo a conquista do status de área livre de febre aftosa. Há 10 anos e 5 meses o Paraná não registra casos da doença”, enfatiza Alexandre Jacewicz, médico-veterinário e assessor em Pecuária do Departamento Técnico Econômico da FAEP. O importante, destaca, é tomar todos os cuidados para isto. Entre as medidas recomendadas estão o controle de todo o trânsito animal dentro do Paraná; o fechamento das divisas e fronteiras para gado de outros países e, principalmente, do local do foco; a desinfecção de pneus de veículos e os calçados das pessoas oriundas das regiões contaminadas; evitar a entrada de curiosos e visitantes nas propriedades A grande dúvida é sobre a forma como ocorreu a contaminação dos animais do estado vizinho. Entre as possibilidades, até a hipótese de biopirataria foi cogitada. A geografia da região de fronteira internacional e divisa “secas” (sem rio) é um fator a considerar quanto a possibilidade de algum animal doente ter sido contrabandeado para a propriedade atingida. Jacewicz analisa que a doença atingiu gado bovino novo entre 4 e 14 meses de idade, um indicativo de que alguns não chegaram a ser vacinados este ano pelo simples fato de terem nascido após a primeira fase da campanha contra aftosa, do mês de maio. “É sabido que a primeira dose não dá cobertura completa. Normalmente é na segunda ou terceira dose que o animal ganha cobertura imunológica completa”. A ocorrência faz antever prejuízos acentuados para a pecuária brasileira. O temor é que repercuta nas negociações internacionais em andamento para expandir a comercialização a novos e promissores mercados consumidores de carne brasileira, como Estados Unidos e Japão. A próxima etapa da campanha de febre aftosa do Paraná está marcada para 1º de novembro próximo. OIE divulga alerta – Desde segunda-feira (10) a Organização Internacional de Epizootias (OIE) mantém um alerta em sua página na Internet sobre a febre aftosa em Mato Grosso do Sul. A mensagem cita as providências que o Ministério da Agricultura tomou para controlar o surto e deter o problema. Dada a rapidez com que a febre aftosa se espalha, a OIE classifica a doença no Grupo A, pela imediata disseminação. Todos os 590 animais da propriedade atingida, a Fazenda Vezozzo (Eldorado) sofreram sacrifício sanitário. Além dos 582 bovinos havia 8 suínos na fazenda, todos abatidos e incinerados em valas. A região de Eldorado foi colocada em quarentena. Toda a área num raio de 25 quilômetros, que vai praticamente até o Rio Paraná, na divisa do Estado com Mato Grosso do Sul, está isolada. Houve a desinfecção das áreas contaminadas. O Ministério da Agricultura determinou a interdição do Município de Eldorado, e dos vizinhos Iguatemi, Itaquiraí, Japorá e Mundo Novo, instalando uma área de segurança que compreende 25 quilômetros de raio. Ao todo, a inspeção das propriedades existentes na no entorno da área envolve quase 32 mil bovinos, ovinos e suínos, os espécimes mais suscetíveis aos vírus da febre aftosa. A doença atinge animais de casco fendido. O Ministério também determinou o controle do trânsito animal dentro do País e iniciou uma investigação epidemiológica para identificar a origem do vírus.
Humanos não são suscetíveis Confira os sintomas A febre aftosa é talvez a doença mais temida pelos pecuaristas. Nos animais, ela provoca afta na boca e na gengiva, além de feridas nas patas e nas tetos. A vaca fica em estado febril, não consegue pastar, perde peso e produz menos leite. Contaminação - Os animais que podem ser contaminados pelo aftovírus são bois, porcos, cabras e ovelhas. Enfim, todos os animais de casco fendido (partido). No caso dos humanos, não há contaminação. Transmissão - O aftovírus pode ser transmitido pelo leite, carne e saliva do animal doente. A doença também é transmissível para animais pela água, pelo ar e por objetos e locais sujos. Humanos não transmitem o vírus entre si, mas podem levar na roupa, no calçado, pele, cabelo, caso tenham entrado em uma área onde há aftosa.
Prevenção - Não existe tratamento contra a Febre Aftosa e sim medidas
preventivas específicas pelo uso de vacinas. No Brasil, o processo mais
aconselhável é a vacinação periódica dos rebanhos, assim como a imunização
de todos os bovinos antes de qualquer viagem. Em geral a vacina contra a
febre aftosa é aplicada, de 6 em 6 meses, a partir do 3º mês de idade. No
Paraná deve ser feita nos meses de maio e novembro. Na aplicação devem ser
obedecidas as recomendações do fabricante em relação à dosagem, tempo de
validade, método de conservação e outros pormenores. |
Boletim Informativo nº 885, semana de 17 a
23 de outubro de 2005 | VOLTAR |