SENAR-PR organiza seminários
com orientações sobre IN51

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR está encaminhando 50 mil cartilhas às administrações regionais dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com orientações e dicas de como melhorar a qualidade da produção de leite no Brasil. A cartilha chama-se "Como Produzir Leite de Alta Qualidade" e foi preparada com o objetivo de auxiliar o produtor na adequação às regras da Instrução Normativa nº 51/2002, que entrou em vigor em julhodeste ano, estabelecendo novas normas a serem cumpridas pelo criador de gado de leite dessas três regiões.

O SENAR-PR, além da cota de duas mil cartilhas que deve receber, encomendou por conta própria mais dez mil cartilhas e agora se organiza para que o material chegue aos produtores da maneira mais eficiente. De acordo com o consultor do SENAR-PR, Luiz Francisco, serão realizados seminários regionais em que além de receber a cartilha, o produtor terá a oportunidade de esclarecer suas dúvidas e receber orientações complementares referentes à IN51. O primeiro passo será o repasse de informações e material de apoio para os instrutores de bovinocultura de leite, que ficarão responsáveis pela execução dos seminários para pequenos grupos de produtores. A expectativa é que os eventos já estejam em campo dentro de 15 dias.

A IN nº 51 regulamenta a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte dos leites A,B,pasteurizado e cru refrigerado e está inserida no conjunto de medidas do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite. Uma das principais exigências da IN nº 51 é o resfriamento imediato do leite após a ordenha. De acordo com as novas normas, no prazo de três horas o leite deve estar em uma temperatura igual ou abaixo de 4ºC. A instrução também extingue o leite C e cria o leite pasteurizado que, de acordo como teor de gordura será classificado em: leite pasteurizado integral, leite pasteurizado padronizado (3% de gordura), leite pasteurizado semi-desnatado e leite desnatado. "O importante é que a metodologia de produção está mudando e a população pode ter a tranqüilidade de estar consumindo um produto de melhor qualidade", diz Luiz Francisco, do SENAR-PR, reforçando que o leite pasteurizado é um alimento natural, saudável e essesncial.

Consulta recentemente realizada pelo Projeto Conhecer da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com produtores, identificou que os fatores que estão dificultando a adequação ao programa de melhoria da qualidade do leite são justamente a falta de orientação técnica e a dificuldade de treinamento e capacitação dos produtores e empregados. A cartilha do SENAR foi produzida, portanto, para ajudar a resolver esse problema. "A cartilha é um instrumento de fácil compreensão que vai contribuir para o produtor melhorar a qualidade de seu produto e garantir sua presença no mercado", afirma o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNPL/CNA), Rodrigo Alvim. A cartilha está sendo enviada a produtores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste porque a IN nº 51 estabelece novas exigências somente para essas regiões, responsáveis por 89,4% da produção de leite sob inspeção do País, que foi de 14,5 bilhões de litros no ano passado.

A cartilha tem 27 páginas, nas quais o produtor recebe orientações que abrangem cuidados com a higiene do animal - do ordenhador e das instalações - o processo de refrigeração do leite e com o transporte do produto para a indústria. Rodrigo Alvim destaca que são ações básicas, mas cruciais para a melhoria da qualidade, especialmente do leite cru refrigerado. O texto chama atenção, por exemplo, para a exigência de o produto ser transportado a granel da propriedade para a indústria, em tanques rodoviários isotérmicos em temperatura máxima de 7ºC.

Para Rodrigo Alvim, quanto maior for o investimento em qualidade do leite, com adoção de novas tecnologias, há ganhos para todos os elos da cadeia produtiva. O produtor obtém a redução de incidência de doenças e dos custos, assim como laticínio e consumidor terão acesso a produtos de maior qualidade.

De acordo com a IN nº 51, os laticínios vão enviar mensalmente amostras do leite de cada propriedade fornecedora para serem analisadas em um dos sete laboratórios nacionais credenciados. O Governo federal criou a Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL) para executar essa tarefa. Estão credenciados as unidades da Universidade de Passo Fundo (RS), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (SP), das universidades federais de Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e Paraná, além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite/ Juiz de Fora – MG). Esses laboratórios serão auditados pelo Laboratório Regional de Apoio Animal (Lara), de Pedro Leopoldo (MG).

As indústrias de laticínios deverão também inscrever seus fornecedores no Cadastro Nacional de Produtores de Leite, criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo Rodrigo Alvim, é um caminho positivo para a execução, no futuro, do processo de rastreabilidade da produção leiteira no Brasil. As cartilhas serão enviadas às Federações de Agricultura do RS, SC, PR, SP, MG, RJ, ES, MS, GO, MT, e DF, estados em que a IN nº 51 já está em vigor. Nas regiões Norte e Nordeste, a instrução passa a valer em julho de 2007.


Boletim Informativo nº 883, semana de 3 a 9 de outubro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

VOLTAR