Conselho de Informações sobre
Biotecnologia desmente restrições

Na Espanha, a área cultivada de milho GM aumentou
80% de 2003 para 2004, atingindo 80 mil hectares




O Conselho de Informações Sobre Biotecnologia (CIB) divulgou nota oficial refutando notícias sobre pretensas restrições da União Européia aos produtos transgênicos. A nota, dia 28 de setembro, contrapõe dados reais dos mercados mundiais adquirentes de soja e outras culturas geneticamente modificadas - inclusive União Européia- , à dados não comprovados de matéria veiculada pela agência pr.gov (do Governo do Paraná), quarta-feira passada.

A CIB é uma organização não-governamental criada com o objetivo  de  divulgar  informações

técnico-científicas sobre biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema. É formada por 70 cientistas e profissionais que estudam a ciência da biotecnologia.

"Gostaria de fazer algumas observações a respeito do estudo elaborado pela ONG Greenpeace divulgado na última semana. O estudo afirma que os maiores varejistas da Europa rejeitam alimentos transgênicos.

O trabalho trouxe diversas afirmações equivocadas envolvendo a biotecnologia, o que pode confundir o entendimento dos leitores sobre os produtos geneticamente modificados (GM). As plantas GM são cultivadas em escalas cada vez maiores nos países europeus. Só para citar um exemplo, na Espanha, a área cultivada de milho GM aumentou 80% de 2003 para 2004, atingindo 80 mil hectares. O país tem uma severa e respeitada lei regulatória para os cultivos GM. É pela legislação deste país, por sinal, que a França está norteando a sua própria Lei de Biossegurança. Os franceses também cultivam milho transgênico. Uma reportagem do jornal Le Figaro, publicada na primeira semana de setembro, revelou a marca de mil hectares de plantio de milho transgênico, frente aos inexpressivos 17,5 hectares em 2004. No mundo, a área cultivada com plantas transgênicas já ultrapassou 81 milhões de hectares.

Não se justificaria, portanto, tamanho aumento da produção se não houvesse demanda de mercado. Tomemos como exemplo o caso da soja e dois dos maiores exportadores mundiais, Estados Unidos e Argentina, que, junto com o Brasil, são responsáveis por mais de 80% de toda a soja produzida no mundo. Na Argentina, 95% dos plantios de soja são GM, enquanto que, nos Estados Unidos, esse percentual é de 81%. De acordo com informações da Céleres, empresa de consultoria em agronegócio, de janeiro a junho de 2005 as exportações mundiais de farelo de soja da Argentina aumentaram em 15% com relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, os dados apontam que, especificamente para a União Européia, as exportações de farelo cresceram 17%.

Já as exportações de soja em grão da Argentina aumentaram nesse período em torno de 38%. A Céleres informa também que a União Européia comprou 50% a mais de soja em grão oriunda dos Estados Unidos, de setembro de 2004 a maio de 2005, em comparação ao período anterior. E, para o mundo, o crescimento nas exportações de grãos de soja dos Estados Unidos foi de 21%.

Os dados por si só mostram que, não apenas a Europa, mas também os demais países do mundo não têm restrições aos transgênicos, especialmente se considerarmos que a soja é comercializada como commodity, plantada, conduzida, colhida e vendida sem segregação pelos três maiores produtores mundiais. Até hoje não existe preço diferenciado em nenhum lugar do mundo. Ou seja, enquanto commodities, os grãos convencionais e grãos GM têm o mesmo valor no mercado internacional. E, por ser assim, para que haja preços diferenciados para produtos não GM é necessário que o mercado tenha opção de adotar uma ou outra tecnologia. Se houver proibição do uso de transgênicos num determinado país, a certeza de haver um fornecedor, por exemplo, de soja convencional, vai tirar toda e qualquer possibilidade de um eventual pagamento diferenciado por esse tipo de produto, ao contrário do que alguns defendem. Além da soja, o milho é plantado no mundo em versões transgênicas, e essas plantas são matérias-primas utilizadas em aproximadamente 75% dos alimentos industrializados no mundo.

É a livre escolha que define a demanda. É o livre mercado que dá as cartas no jogo do comércio mundial. Não defendemos de forma alguma os transgênicos como única opção de cultivo. Defendemos o oferecimento de diferentes opções para sistema produtivo, de forma que os agricultores brasileiros possam ter competitividade no mercado mundial e, a partir dessa competitividade, escolher a tecnologia que lhes trará maior lucro, mesmo que seja para ocupar o que hoje são nichos de mercado para produtos isentos de transgênicos. E, para que esses nichos sejam atrativos economicamente, é preciso que haja plantios e fornecedores de soja geneticamente modificada no mercado internacional, especialmente no Brasil. Para tudo isso acontecer de modo transparente e fluente é necessário regulamentar, o quanto antes, a Lei de Biossegurança do Brasil.

Secretaria- Executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)" .

Liberado Glifosato genérico

A agricultura brasileira ganhou em setembro o primeiro produto técnico equivalente, o glifosato genérico. O registro foi liberado para fins industriais pela Coordenação Geral de Agrotóxicos e Afins da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), atendendo pedido das lideranças agropecuárias para importação, exportação e comercialização do produto.

O objetivo do glifosato genérico é contribuir para os produtores reduzirem os custos da produção. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, assegurou até o fim do ano, a liberação de outros registros de agrotóxicos genéricos. O glifosato é um herbicida usado no pré-plantio das lavouras para remover ervas daninhas da área onde será semeada uma determinada cultura.


Boletim Informativo nº 883, semana de 3 de 9 de outubro de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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