Osmar Dias critica governo Lula por se negar a renegociar as dívidas dos produtores rurais, que precisam de financiamento para a próxima safra

O Presidente da República não cumpriu a palavra ao vetar a renegociação das dívidas dos produtores (cerca de R$ 20 bilhões) e a compensação dos estados pelas perdas com o fim da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os bens exportados, ocasionadas pela chamada Lei Kandir. A crítica foi feita em plenário pelo senador Osmar Dias, que destacou a falta de atenção do governo federal com a agricultura brasileira.

O senador lamentou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tenha vetado pontos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2006 que tinham sido acordados com o setor agrícola durante o chamado "tratoraço", mobilização realizada por produtores rurais em junho, em Brasília.

A compensação pelas perdas decorrentes da Lei Kandir interessava particularmente  ao  setor agrícola  e  aos  estados

exportadores de bens primários – o veto do presidente pode trazer ao Paraná uma perda da ordem de R$ 100 milhões. O senador ressaltou que o PIB do agronegócio brasileiro caiu cerca de 10% se comparado ao do ano passado, a primeira queda desde 1997, segundo afirmou. A diminuição do PIB do setor, avaliou Osmar Dias, não se deve apenas à estiagem do primeiro semestre, mas também à política econômica, que leva a uma transferência do setor produtivo para os bancos.

O lucro dos bancos bate recordes, é o maior da história, chegou a R$ 12 bilhões no primeiro semestre, só contando os principais bancos. Enquanto a arrecadação dos bancos cresce, os agricultores e os fornecedores de equipamentos estão quebrando, e já se percebe a venda de tratores para o pagamento de dívidas - protestou.

Osmar Dias frisou que, só com o pagamento dos juros da dívida externa o governo já gastou, até agosto deste ano, mais de US$ 100 bilhões, um aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2003. Enquanto isso o governo Lula se nega a renegociar os R$ 20 bilhões das dívidas dos produtores rurais, "que precisam desta renegociação para financiar a próxima safra".

O senador lamentou que a agricultura, que teve participação de 38% na geração de empregos no país em 2003, tenha participado com apenas 22% em 2004 e, este ano, deva fechar com 20%. Desde o início do governo Lula houve redução de 19% na criação de postos de trabalho no setor. O senador disse que o governo trata com desrespeito os agricultores. A safra está para ser plantada e as conseqüências serão dramáticas no ano que vem, resultado da inconseqüente política econômica e da incapacidade do governo de se desvencilhar da crise e administrar o país - concluiu Osmar Dias.