Fórum do Trigo Governo transformou o
trigo
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Fórum do trigo reuniu
produtores, cooperativas, indústrias e governo na discussão de
soluções para o setor | |
O trigo, um produto estratégico e de segurança nacional para a maioria dos países, no Brasil está sendo transformado pelo Governo Federal numa armadilha: incentiva-se o plantio, mas não são adotadas políticas que defendam os seus produtores. Nem mesmo os preços mínimos estabelecidos pelo Governo são garantidos, e o país assiste passivamente o trigo argentino tomar o mercado interno, obrigando o produtor brasileiro a vender o produto a um preço inferior e com prejuízo. "O preço do trigo está tão baixo que o produto está substituindo o milho nas rações animais", disse o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, no Fórum do Trigo, que reuniu produtores, cooperativas, indústrias e representantes dos governos estadual e federal em Curitiba (19/09). "O Governo Federal precisa decidir de uma vez por todas se o plantio de trigo no Brasil é realmente do interesse nacional, ou não é", alertou Meneguette. No Fórum do Trigo pôde-se constatar a impaciência e o desânimo dos produtores rurais com uma crise cíclica, que se repete todo ano na hora da comercialização, e que, nesta safra, tem os agravantes de já começar com preços deprimidos e estoque de passagem recorde de quase um milhão de toneladas. "Esse excedente contribui para que os preços do trigo permaneçam em patamares abaixo do preço mínimo estabelecido pelo Governo Federal", alertam FAEP, OCEPAR e SEAB-PR num documento conjunto enviado ao Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Os produtores da Comissão Técnica de Grãos da FAEP, presentes ao Fórum do Trigo, questionaram o não cumprimento da política de preços mínimos do governo, estabelecida em lei, e mostraram ainda preocupação quanto aos custeios dos bancos que começam a vencer em novembro. A comercialização está travada, apesar de o preço do trigo, R$ 19 a saca, se encontrar 30% abaixo do preço mínimo (R$ 24). Em leilão da Conab, realizado dia 15 de setembro, não houve moinho interessado no PEP para 40 mil toneladas de trigo no Paraná. A produção brasileira de trigo é estimada em 5 milhões de toneladas, enquanto o consumo chega a 10 milhões de toneladas. Mesmo assim, o produto nacional tem baixa liquidez e difícil comercialização. "A impossibilidade de exportação resultante da baixa taxa de câmbio e a paridade de importação abaixo do preço mínimo estão aviltando os preços e tirando a liquidez do mercado interno", diz a carta ao ministro. Os signatários da carta do Fórum do Trigo – FAEP, OCEPAR e Secretaria da Agricultura – sugerem ao Governo Federal algumas propostas emergenciais para a comercialização da safra 2005. Entre elas, a alocação de recursos no Orçamento da União para as operações oficiais de crédito; proibição da entrada de farinha de trigo na forma de pré-mistura e trigo em grão fora dos parâmetros de classificação; agilização das mudanças na legislação de cabotagem, permitindo que navios de bandeiras estrangeiras possam fazer este serviço, para aumentar a oferta de navios e reduzir o custo do frete. A passividade do governo diante do câmbio defasado também foi criticada. "Isto vem prejudicando não apenas a comercialização do trigo, mas de todos os produtos de origem agroindustrial destinados à exportação", disse o presidente da FAEP, Ágide Meneguette. Somado à política cambial, agrava o quadro a navegação de cabotagem, protegida por uma lei que não é do interesse do país - a não ser a de uns poucos armadores: "a navegação de cabotagem é um entrave e não um estímulo ao comércio de produtos agropecuários do sul do país para o norte e nordeste". Hoje
sai mais barato para o Norte e Nordeste importar trigo ou milho ou
qualquer outro produto a granel da Argentina e dos Estados Unidos, do
que comprar de produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina ou
Paraná. "O frete de Paranaguá a Recife", exemplificou
Meneguette, "é quase o dobro do frete de uma carga de trigo
saindo de Rosário na Argentina, para o mesmo destino". Além de
cobrar medidas eficazes de apoio do Governo Federal, Meneguette
também conclamou os moinhos a adotar uma postura coerente e firme e
não o jogo de declarar interesse no produto brasileiro, mas na hora
da comercialização, preferir importar da Argentina. Durante o
fórum, representantes dos moinhos disseram que o problema hoje é o
excesso de burocracia da Conab – o que torna mais fácil e ágil
importar o trigo argentino.
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Boletim Informativo nº
882, semana de 26 de setembro a 2 de outubro de 2005 | VOLTAR |