Suinocultura |
Comissão adverte
criadores para risco
|
Não basta apenas cruzar os dedos para preservar o bom momento que a suinocultura brasileira vive. Apesar de os produtores não terem motivos imediatos para reclamar, ainda assim existem questões e problemas que podem comprometer o futuro e afetar a lucratividade do setor, com destaque para mecanismos de apoio à comercialização que assegurem preços firmes, como eles vêm se apresentando em 2005. Para o presidente da Comissão Técnica de Suinocultura da FAEP, o produtor João Batista |
Manfio, o bom cenário não deve ser usado como desculpa para decisões precipitadas, como por exemplo, aumentar a produção sem planejamento ou sem ter a certeza de que o mercado irá absorver o excedente. Conforme estudos dos órgãos de representação da suinocultura nacional "o Brasil comporta um crescimento em torno de 6% apenas". Manfio ressalta ainda que " se o consumo e as exportações não aumentam, alguém terá que bancar o excedente". O Paraná tem hoje 300 mil matrizes, com uma média de 22 leitões desmamados por porca/ano. Segundo o presidente da Comissão, já é computado um crescimento de 4% no plantel de matrizes, e de 22% no número de leitões desmamados. A alta no rendimento anual das matrizes foi apresentada por Manfio à Comissão como um fator de dupla interpretação: se de um lado é bom por evidenciar uma alta na produtividade do rebanho paranaense, por outro, é razão de incerteza uma vez que não se sabe se o mercado será capaz de absorver o volume extra de produção, sem trazer prejuízos ao produtor. A taxa de crescimento da suinocultura nacional está fundamentada nas projeções do índice de crescimento da população do país, nas estimativas de aumento do consumo per capita de carne suína e, principalmente, em campanhas de marketing às vendas do setor e estímulo ao consumo interno. Em 2006, a suinocultura deve produzir 3,2 milhões de toneladas de carne no Brasil. Agora, em 2005, a produção deverá fechar em 2,85 milhões de toneladas de carne suína, sendo que, deste volume, 600 mil toneladas deverão ser exportadas até o fim do ano. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS). "Temos que conseguir conscientizar os suinocultores a não aumentarem indiscriminadamente a produção", advertiu Manfio. Reunida em Curitiba, dia 13, a Comissão avaliou também questões relacionadas às exigências ambientais e ao problema da destinação e tratamento dos dejetos das granjas. Na questão ambiental, os requisitos das normas da legislação atualizada tornaram-se uma "dor-de-cabeça" para as granjas mais antigas, com mais de 10 e 20 anos de funcionamento. Instaladas de acordo com os parâmetros vigentes à época em que foram criadas, estas granjas enfrentam hoje a necessidade de dispendiosas e difíceis adaptações à novas leis. São novas regras quanto a localização das instalações em relação as áreas de preservação, a distância mínima a observar dos rios, a distância entre vizinhos e a implantação do SISLEG, entre outros pontos. Quanto ao abastecimento e os insumos básicos de produção, a perspectiva da próxima safra de milho no verão apresenta indicativos avaliados como favoráveis ao setor, no momento, uma vez que a colheita está atendendo as necessidades domésticas, mas há ainda um risco de desabastecimento do produto. No entender do economista Pedro Augusto de Loyola, é recomendável que os produtores providenciem estoques de milho com a finalidade de escapar da eventualidade de alta nos preços do milho, evitando assim o conseqüente crescimento dos custos de produção da suinocultura. O milho é a base da alimentação (ração) dos plantéis em todo o Brasil. Os produtores assistiram também uma palestra sobre o Programa Casa em Ordem, que tratou sobre a documentação e todos os requisitos que as propriedades ou empresas rurais devem atender, para se tornarem mais produtivas e eficientes, além de evitar tornarem-se alvo de multas e do programa de reforma agrária. |
Boletim Informativo nº
881, semana de 19 a 25 de setembro de 2005 | VOLTAR |