Crise interna ameaça
produtividade
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Entre janeiro e agosto, o Brasil exportou US$ 69 milhões em carne bovina para a Argélia, 200% a mais que os US$ 23 milhões de igual período do ano passado. Outro exemplo de conquista de novos mercados é a remessa de US$ 53 milhões de carne bovina para a Bulgária nos primeiros oito meses do ano; 382% a mais que no mesmo período de 2004. No mercado externo, a carne bovina brasileira é um sucesso, diz o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da |
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Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. No acumulado entre janeiro e agosto deste ano, o Brasil vendeu US$ 2,164 bilhões em carne bovina e miúdos ao Exterior, 32,7% a mais que o total de US$ 1,631 bilhão dos oito primeiros meses do ano passado. Já no cenário interno, o quadro é de crise, com elevados custos de produção e queda do preço pago ao criador. No mercado paulista, o preço do boi, à vista, foi de R$ 53,6 por arroba, em julho; frente R$ 61,5 por arroba, em julho do ano passado. "São valores nominais. Se considerarmos a inflação, a perda é ainda maior", diz Nogueira. Estudo realizado pela CNA e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) mostra que entre janeiro e julho, os custos de produção, mensurados pelo conceito de Custos Operacionais Totais (COT) subiram 4,96%, enquanto que o preço pago pelo boi gordo caiu 13,23%. A análise considera nove Estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP), os quais concentram 77,87% do rebanho nacional. Dados referentes exclusivamente ao mês de julho indicam ligeira queda do custo de produção, de 0,07%, conforme o conceito "COT". Mas no mesmo mês, o preço pago pelo boi gordo também caiu, em 1,67%, contrariando tendência de mercado, pois o setor está em pleno período de entressafra, quando tradicionalmente há recuperação dos valores do gado. Conforme explica o representante da CNA, a queda dos custos dos insumos, mesmo que tímida, é mais um indicativo da crise do setor. Ou seja, o pecuarista está sem dinheiro para investir no rebanho, no pasto e na propriedade; e a queda na procura por insumos é que está provocando queda dos custos de produção. Essa tendência, em médio prazo, compromete a produtividade do rebanho. "Isso é perigoso, pois são os atuais índices de produtividade que permitem o Brasil expandir exportações", diz Nogueira. Conforme explica Nogueira, o pecuarista aumentou consideravelmente o abate de fêmeas, de forma a obter liquidez. Com menos matrizes nos pastos, o resultado poderá ser de queda na oferta de bezerros e redução na oferta de carne bovina nos próximos anos, com reflexo nas exportações de setor, destaca. Apesar da crise, o Brasil continua sendo líder mundial de exportação de carne bovina. No acumulado em 12 meses, compreendendo o período entre setembro de 2004 e agosto de 2005, as exportações de carne bovina somaram US$ 2,992 bilhões, 36,% a mais que os US$ 2,190 bilhões registrados entre setembro de 2003 e agosto de 2004. Em volume, as exportações somaram 2,243 milhões de toneladas de carne bovina, considerando o conceito de "equivalente-carcaça", nos 12 meses encerrados em agosto de 2005; 38% a mais que o total de 1,628 milhão de toneladas, nos 12 meses compreendidos entre setembro de 2003 e agosto de 2004. Se forem consideradas também as exportações de miúdos, as receitas obtidas atingem US$ 3,105 bilhões nos 12 meses encerrados em agosto de 2005; frente US$ 2,303 bilhões, nos 12 meses compreendidos entre setembro de 2003 e agosto de 2004. Entre janeiro e agosto, a Rússia foi o principal comprador de carne bovina brasileira, com negócios que somaram US$ 364 milhões. Em segundo lugar ficou o Egito, com US$ 192 milhões de importações de carne bovina brasileira e, em terceiro, a Holanda, com US$ 140 milhões. Somente em agosto deste ano, as exportações de carne bovina somaram US$ 339 milhões; 39,5% a mais que os US$ 242,8 milhões de igual mês do ano passado. Em volume, as exportações do mês passado atingiram 237,6 mil toneladas, incluindo carne in natura e industrializada; 30,5% a mais que as 182,3 mil toneladas de agosto de 2004. Houve recuperação dos preços de negociação, que no caso da carne in natura foi de US$ 2.247 por tonelada, em agosto; 8% a mais que os US$ 2.081 de agosto de 2004. | |
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Boletim Informativo nº
881, semana de 19 a 25 de setembro de 2005 | VOLTAR |