Por praticamente um dia inteiro tudo parou nos Portos de Paranaguá e Antonina. Sete navios atracados não puderam sair e outros 28, que esperavam ao largo da baía, não puderam entrar. O fato inédito aconteceu na sexta-feira, 12 de agosto, porque três bóias que orientam o acesso aos portos, pelo Canal da Galheta, estavam deslocadas colocando em risco a navegação.

A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), responsável pela sinalização, tentou jogar a culpa nos fortes ventos do litoral, que teriam deslocado uma bóia, e em navios não identificados que teriam abalroado outras duas bóias. O capitão dos Portos do Paraná, Francisco dos Santos Moreira, disse que realmente as condições climáticas contribuíram para o deslocamento das bóias, mas a falta de manutenção dos equipamentos nos últimos dois anos agravou a situação. Da maneira como ocorreu, as condições meteorológicas seriam responsáveis por apenas 10% do deslocamento, afirmou o capitão.

A má sinalização do canal é um dos problemas apontados em sucessivos relatórios da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), sendo também denunciada pela FAEP e outras entidades públicas e privadas, além dos deputados federais Eduardo Sciarra e Ricardo Barros. Desde agosto do ano passado a Capitania dos Portos não permite a navegação noturna no Porto de Antonina, por que as bóias de sinalização não funcionam, apesar de existirem recursos específicos para esses reparos (FUNMAR).

O canal artificial da Galheta é margeado por bancos de areia e tem 50 bóias de sinalização. As bóias deslocadas eram justamente as primeiras, no acesso ao canal. O capitão dos Portos disse ao jornal Folha de Londrina que ficou sem opção: "Ou garantia a segurança dos navios ou permitia que as cargas fossem parar num banco de areia".

A Câmara Federal aprovou, e será em breve apreciado pelo Senado, um Projeto de Lei que susta o convênio de delegação dos Portos de Paranaguá e Antonina por 90 dias – para que seja feita uma avaliação dos problemas existentes.