Carne bovina deve superar US$ 3 bilhões
 em exportações este ano, segundo a CNA



O Brasil será em 2005, pelo terceiro ano consecutivo, o principal exportador mundial de carne bovina

O Brasil vai superar a marca de US$ 3 bilhões em exportações de carne bovina em 2005. A estimativa é do presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, com base nos resultados acumulados entre janeiro e julho. Nos primeiros sete meses deste ano, o País obteve US$ 1,752 bilhão de receitas com exportações de carne bovina; 33% a mais que o total de US$ 1,313 bilhão em igual período do ano passado.

A quantidade exportada atingiu 1,299 milhão de toneladas (pelo conceito de "equivalente-carcaça"), 35% a mais que as 965 mil toneladas dos primeiros sete meses do ano passado. 

Os dados indicam que o Brasil será em 2005, pelo terceiro ano consecutivo, o principal exportador mundial de carne bovina, destaca Nogueira. No ano passado, as exportações de carne bovina renderam ao Brasil US$ 2,457 bilhões.

No acumulado em 12 meses, compreendendo o período entre agosto de 2004 e julho de 2005; as exportações brasileiras de carne bovina renderam US$ 2,896 bilhões ao País, 41% a mais que os US$ 2,057 bilhões registrados entre agosto de 2003 e julho de 2004. Em volume, as exportações acumuladas no período de 12 meses encerrado em julho de 2005 somaram 2,188 milhões de toneladas; quantidade 42% superior ao total de 1,539 milhão de toneladas registrado entre agosto de 2003 e julho de 2004.

Dados relativos exclusivamente a julho indicam a exportação de 239 mil toneladas de carne bovina, o que gerou receita de US$ 327,89 milhões; números 46% superiores às remessas de igual mês do ano passado, de 163 mil toneladas, o que representou faturamento de US$ 224,75 milhões. Atualmente, o Brasil exporta carne bovina para mais de 140 países.

Os principais destinos das exportações de carne in natura, entre janeiro e julho, foram Rússia (US$ 296 milhões); Egito (US$ 159 milhões) e Reino Unido (US$ 120 milhões). Os maiores compradores de carne industrializada brasileira nos primeiros sete meses de 2005 foram Estados Unidos (US$ 85 milhões); Reino Unido (US$ 75 milhões) e Venezuela (US$ 25 milhões).

Perda de renda - Os preços médios de exportação estão estáveis. Dados referentes a julho indicam que o valor médio de negociação foi de US$ 2.166 por tonelada; 1,7% menos que a média de US$ 2.204 por tonelada, em julho do ano passado. Antenor Nogueira avalia que a estabilidade dos preços, em dólares, aliado à desvalorização da moeda norte-americana frente ao real, reduz o faturamento interno, mas não em proporção capaz de gerar tamanha crise no campo. Para o pecuarista, o cenário é de queda do preço recebido pelo boi gordo e aumento dos custos de produção.

Conforme estudo da CNA e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o valor pago pelo boi gordo caiu 11,7% no primeiro semestre; enquanto que no mesmo período os custos de produção subiram 5%. "A queda do dólar não justifica tamanha redução no preço pago pelo boi gordo", diz Nogueira, alertando que a pecuária de corte vem sofrendo perda de renda desde o segundo semestre de 2003. Sem dinheiro para investir no rebanho e em sua propriedade, o criador de gado está aumentando gradativamente o abate de matrizes, como última alternativa para obter dinheiro.

Em 2000, a média de abate de fêmeas era de 26%. O índice caiu para 22,7% em 2001 e depois aumentou ano a ano; chegando a 24% em 2002; 31%; em 2003; 34%, em 2004; e beirando 40%, no primeiro trimestre de 2005. "O aumento do abate de matrizes está diretamente ligado à queda de renda do criador, e compromete a expansão da oferta de carne em médio prazo, pois inevitavelmente haverá redução na oferta de bezerros. Isso vai provocar também falta de investimento em genética, em alimentação e em novas tecnologias", explica Nogueira.

 

Semestre com balanço negativo

Para a pecuária de corte brasileira, o primeiro semestre de 2005 representou o acúmulo de resultados negativos, com queda dos preços pagos pelo boi gordo e aumento dos custos de produção, revela estudo da CNA e Cepea/USP. Entre janeiro e junho, o preço pago pelo gado caiu 11,76%, enquanto que os Custos Operacionais Totais (COT) subiram 5,04%.

Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, o resultado desse desajuste é  queda  da 

capacidade do pecuarista em investir no rebanho e na manutenção da sua propriedade,comprometendo a capacidade futura de expansão da oferta de carne bovina. Queda dos preços recebidos e alta dos custos de produção resultam em perda de renda para o criador, destaca Nogueira. Para driblar a redução das receitas, o pecuarista está aumentando o abate de fêmeas, o que compromete a produção de bezerros, explica.

O estudo considera nove estados (PR, GO, MG, MT, MS, PA, RS, RO e SP), os quais concentram 77,87% do rebanho bovino nacional. Em todos esses estados houve queda do preço pago pelo boi e também alta dos custos de produção no primeiro semestre. Na média nacional, a mão-de-obra (que representa 23,12% dos custos de produção) ficou 15,37% mais cara ao final do primeiro semestre. No mesmo período, houve reajuste de 3,6% no preço do sal mineral, insumo que representa 15% dos custos de produção da pecuária de corte.


Boletim Informativo nº 877, semana de 15 a 21 de agosto de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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