Mercado
futuro do boi gordo |
O preço do boi em baixa incentiva a Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP a buscar novas formas de comercialização, entre estas a operacionalização em mercado futuro. Reconhecendo tratar-se de uma ferramenta capaz de diminuir os riscos de preços dos produtos agrícolas, por solicitação do presidente da Comissão - Marcos Minghini, a FAEP e a Bolsa de Mercadoria do Paraná intermediaram a participação de Fabiana S. Perobelli (BM&F) em reunião realizada no mês de junho no Sindicato Rural de Londrina. Foi bastante salientado que a primeira providência a ser tomada pelo interessado em operar no mercado futuro é conhecer o custo de produção de seu produto, item fundamental para estabelecer o seu preço de interesse para a venda de contratos na Bolsa, valor este que deverá cobrir seus custos e garantir uma margem de lucro, devendo porém ser coerente com os preços do mercado físico. A partir desta reunião, o representante da corretora Ágora Senior –Cássio L. Dal Bó Grava se prontificou a simular a venda de um contrato de boi gordo na BM&F, acompanhando a movimentação diária e repassando o resultado aos produtores, para que viessem a familiarizar-se com o mecanismo. E assim foi feito. Na seqüência, solicitamos da mesma corretora um texto analisando a movimentação financeira de um pecuarista que tivesse feito proteção de preço junto à BM&F, se ele teria tido lucro comparando com outro que atuasse apenas no mercado físico. Esta matéria foi elaborada por Mirlaine Barbosa de Mello – analista de Mercado Agrícola, e será apresentada a seguir: "Os mercados futuros foram criados com o objetivo de oferecer uma ferramenta de proteção de preço para a cadeia produtora, contra as oscilações naturais de preço dos produtos agrícolas, além de oferecer mais uma forma eficiente de investir o capital em mercado de volatilidade bastante atraente. Desta forma, pecuaristas, frigoríficos, exportadores entre outros investidores podem comprar ou vender uma commodity na Bolsa, e fixar o preço que desejam comprar e vender numa data futura. Entre as várias commodities negociadas diariamente na BM&F - como o contrato futuro de café, algodão, açúcar, álcool anidro, dólar, entre outros - existe o contrato de boi gordo que atende as necessidades da cadeia de boi e carne. Negociado em arrobas, o contrato é padronizado, cotado em reais e equivale a 330 arrobas. Assim sendo, o pecuarista, frigorífico, exportador ou qualquer integrante da cadeia que queira operar comprando ou vendendo contratos na Bolsa deve procurar um consultor/operador especializado nos mercados futuros e elaborar uma estratégia de operação que atenda suas necessidades. Se for um pecuarista, o preço de venda que contempla seus custos e remunera seu capital. Vamos analisar um caso real onde um pecuarista após criteriosa análise de custo de produção e oportunidade de capital vislumbrou que a cotação da arroba em janeiro de 2005, no mercado futuro da BM&F, atendia suas necessidades e fez um seguro vendendo, através de um corretor, um contrato futuro para vencimento em outubro/2005 na BM&F a R$66,70/arroba, cotação do dia 10 de janeiro. Desta forma, o pecuarista fixou o preço de venda do boi, e já sabia desde janeiro, que receberia R$ 66,70/arroba pelo boi gordo a ser entregue em outubro (veja tabela A). A cotação do boi gordo no mercado físico neste ano tem caído bastante (veja gráfico abaixo), reflexo da oferta e demanda de carne no mercado, e o mercado futuro acompanhou este movimento. Assim sendo, o contrato para vencimento em outubro/2005 na BM&F, no dia 27 de julho, estava cotado a R$ 56,05/arroba (veja gráfico abaixo). O pecuarista que não fez a operação de fixação do preço na BM&F deverá vender a arroba do boi gordo a R$ 56,05/arroba em outubro, já o pecuarista que vendeu o contrato futuro e fez seguro em janeiro receberá pela arroba R$ 66,70, assegurando um ganho de R$ 10,65/@. Vale a pena salientar que o pecuarista não é obrigado a entregar os animais através da Bolsa, ele pode vender no mercado físico na ocasião da venda deverá comprar o número de contratos equivalentes aos contratos vendidos na Bolsa, para liquidar sua posição no mercado futuro, sendo que isto poderá ocorrer a qualquer momento. Quando o pecuarista vende o boi gordo no mercado físico e recebe o valor de R$ 56,05/arroba, e liquida sua posição na BM&F, ele ganhará na Bolsa a diferença entre o físico e o futuro, no caso, R$ 10,65/arroba, garantindo o ganho do preço fixado (R$ 56,05 + R$ 10,65 = R$ 66,70) (veja tabela B). Na ocasião da compra ou da venda dos contratos futuros, a Bolsa exige uma garantia junto aos clientes, chamado de margem de garantia, e no momento da liquidação, essa margem é devolvida. Entre os custos da operação, é cobrada uma taxa de operação, de emolumentos e de registro do contrato. Recomendamos que o interessado em operar no mercado futuro procure um corretor para elaborar uma estratégia de operação e para conhecer os mecanismos de funcionamento dos mercados futuros, assim como seus custos.
|
Para maiores informações sobre operações no mercado futuro de produtos agrícolas, pode ser contatada a Ágora Senior, fone11- 3709-2735 com Mirlaine Barbosa de Mello; Cássio L.Dal Bó Grava (11- 3709-2912) www.agorasenior.com.br ou qualquer outra corretora de sua preferência." | ||||||||||||||||
Tabela
A - A situação ficou a seguinte:
Tabela B - A operação ficou a seguinte:
Departamento Técnico Econômico da FAEP
|
Boletim Informativo nº
877, semana de 15 a 21 de agosto de 2005 | VOLTAR |