Pecuária de corte termina primeiro |
Para a pecuária de corte brasileira, o primeiro semestre de 2005 representou o acúmulo de resultados negativos, com queda dos preços pagos pelo boi gordo e aumento dos custos de produção, revela estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Entre janeiro e junho, o preço pago pelo gado caiu 11,76%, enquanto que os Custos Operacionais Totais (COT) subiram 5,04%. Segundo explica o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, o resultado desse desajuste é queda da capacidade do pecuarista em investir no rebanho e na manutenção da sua propriedade, comprometendo a capacidade futura de expansão da oferta de carne bovina. Queda dos preços recebidos e alta dos custos de produção resultam em perda de renda para o criador, destaca Nogueira. Para driblar a redução das receitas, o pecuarista está aumentando o abate de fêmeas, o que compromete a produção de bezerros, explica. O estudo da CNA e Cepea/USP considera nove Estados (PR, GO, MG, MT, MS, PA, RS, RO e SP), os quais concentram 77,87% do rebanho bovino nacional. Em todos esses Estados houve queda do preço pago pelo boi e também alta dos custos de produção no primeiro semestre. Na média nacional, a mão-de-obra (que representa 23,12% dos custos de produção) ficou 15,37% mais cara ao final do primeiro semestre. No mesmo período, houve reajuste de 3,6% no preço do sal mineral, insumo que representa 15% dos custos de produção da pecuária de corte. A situação mais crítica no primeiro semestre foi registrada em Rondônia, onde o valor pago ao pecuarista pelo gado caiu 13,82% no primeiro semestre, enquanto que os custos de produção subiram 10,40%. No resultado acumulado entre dezembro de 2003 (quando começou a ser realizado o estudo “Indicadores Pecuários” da CNA e Cepea/USP) e junho de 2005, a maior elevação dos custos de produção foi registrada em Rondônia, com alta de 29%; seguida por Minas Gerais, com aumento de 22,2%. Nesse mesmo período de 31 meses, o preço pago pelo boi gordo caiu 2,74% em Rondônia, enquanto em que em Minas Gerais apresentou a tímida elevação de 0,3% Ao mesmo tempo em que o criador de gado enfrenta dificuldades, as exportações aumentam, tanto em volume quanto em valores. No primeiro semestre, as remessas do setor atingiram US$ 1,424 bilhão, 31% a mais que o total de US$ 1,088 bilhão dos primeiros seis meses de 2004. A quantidade exportada também aumentou, chegando a 1,06 milhão de toneladas, frente 802 mil toneladas do primeiro semestre do ano passado. Em junho deste ano, o preço médio de exportação da carne bovina in natura foi de US$ 2.224 por tonelada; frente US$ 2.221 por tonelada, em junho do ano passado. Conforme Antenor Nogueira, os resultados de exportação, analisados na comparação com os valores recebidos pelos pecuaristas, são mais uma prova de que a pecuária de corte está sendo prejudicada, e o risco é o comprometimento da oferta de carne em médio prazo. No cenário interno, a queda dos preços pagos ao produtor também não é repassada na mesma proporção ao consumidor final. No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo do segmento de carnes subiu 10,41% entre janeiro de 2003 e junho de 2005; enquanto que no mesmo período o preço recebido pelo pecuarista na venda do gado caiu 6,18%. Nesse período de dois anos e meio, o preço da alcatra, por exemplo, subiu 10,29%; enquanto que o acém ficou 10,98% mais caro. |
Boletim Informativo nº 876, semana de 8 a 14 de agosto de 2005 | VOLTAR |