Governo Federal volta atrás em
promessas feitas após Tratoraço


Passado um mês da manifestação que levou 25 mil produtores a Brasília no Tratoraço, um novo balanço sobre as respostas do Governo às reivindicações do setor rural mostra pouco avanço em vários itens.

Durante o Tratoraço, o governo apresentou uma série de propostas, garantindo apoio à atividade rural. Mas ao aproximar-se o plantio da nova safra, o governo voltou atrás e retirou de pauta várias promessas. Por outro lado, as propostas que estão em estudo esbarram na lentidão das negociações ou no Ministério da Fazenda.

A lista de pleitos não atendidos pelo governo ainda é maior do que as propostas atendidas, conforme a seguir:

1. Alocação de recursos para aquisição de Cédula de Produto Rural Financeira (CPRF) emitida por produtores com dívidas com cooperativas e fornecedores de insumos:

Resultado: parcialmente atendido.

A resolução 444 de 20/07/2005 aloca R$ 3 bilhões, com custo de 8,75% para o produtor e de 5% para o fornecedor de insumos. O aumento da TJLP acima de 9,75% ao ano será arcado pelo fornecedor e na eventualidade de redução da TJLP será repassada para o fornecedor. Revoga a Resolução 436 de 02/06/2005, que destinava R$ 1 bilhão para as perdas de safra nos Municípios com Decreto de emergência.

A linha de financiamento depende de adesão dos fabricantes/fornecedores e cooperativas ao programa. A aprovação de limite de crédito das empresas nos bancos pode ser um fator limitante para absorver toda a demanda de dívidas.

2. Prorrogação do custeio da safra

Resultado: parcialmente atendido.

O governo alega que prorrogar os custeios desse ano impacta nos recursos para o custeio da safra 2005/2006. Prometeu apenas a prorrogação do custeio de 2004/05 para produtores de arroz, soja, algodão, milho, trigo e sorgo do Centro-Oeste e da Bahia. Pela medida, as parcelas vencidas e vincendas de junho, julho e agosto de 2005 poderão ser liquidadas em março e abril de 2006. A CNA já solicitou que tais medidas sejam extendidas para todo o país.

Os produtores podem recorrer a solicitação de prorrogação nos bancos para análise "caso a caso", conforme o Manual do Crédito Rural do Banco Central.

3. Liberação de garantias da dívidas rurais (PESA, Securitização, etc)

Resultado: indefinido - trabalho está muito lento. O assunto é tema de um grupo de trabalho, mas até o momento houve apenas uma primeira reunião no MAPA (Ministério da Agricultura).

4. Suspensão das execuções judiciais das dívidas a serem renegociadas

Resultado: indefinido.

Esse tema está sendo discutido no grupo de trabalho que trata da liberação das garantias das dívidas do PESA e Securitização.

Os bancos oficiais não receberam orientação para aguardar o término das negociações.

5. Renegociação das dívidas (PESA, Securitização, Recoop, Fundos Constitucionais e outros)

Resultado: não atendido.

O governo acenou que iria estudar os casos de produtores que estavam adimplentes até 31/12/2004, mas voltou atrás na negociação e negou o pedido. O Ministro da Agricultura informou que o Ministério da Fazenda é contra a medida. O setor ainda cobra uma renegociação das parcelas que vencem este ano para os produtores que tiveram problemas com a estiagem e de comercialização.

6. Arroz: Preço de exercício de R$ 25,00/50kg

Resultado: não atendido.

Aguardando prorrogação de parcelas de custeio, na mesma forma que ocorreu com o Centro-Oeste e Bahia, e também esperando resultados do comportamento de preços ante leilões. O governo estipulou na síntese do Plano Safra 2005/2006 um preço mínimo de R$22,00/50kg.

7. Aumento dos limites de custeio para próxima safra

Resultado: parcialmente atendido.

Ministro da Agricultura disse que não será possível atender os pedidos do setor, mas alguns aumentos estão previstos no Plano Safra 2005/2006. Estipula que está definida a manutenção dos limites de adiantamento de crédito por tomador da safra 2004-05 e que poderão obter limite adicional os produtores que:

a) Já praticarem ou apresentarem plano de recuperação de matas ciliares e reserva legal (15% de adicional);

b) Utilizarem sistemas de rastreabilidade na produção pecuária (15% de adicional);

c) Comprovarem utilização de práticas de integração lavoura-pecuária (limites independentes entre custeio agrícola e custeio pecuário).

8. Seguro rural

Resultado: parcialmente atendido.

Promessa de alocar R$ 10 milhões para subvenção ao prêmio. Esse valor poderá subsidiar 1/3 do prêmio. O valor máximo a ser segurado será de R$ 500 milhões (O Valor Bruto da Produção das 20 principais culturas agrícolas é de R$ 97 bilhões). Para a safra 2004/05 existia orçamento de R$ 20 milhões. Portanto, o que se promete ao setor é metade do que já existia.

9. Importação de agroquímicos do Mercosul

Resultado: indefinido. Faltam estudos e regulamentação.

Proposta de alteração de Decreto 4074, de 2002, na Câmara Setorial de Insumos. Modificar a Lei de registro de agroquímicos para possibilitar a importação direta pelos produtores de agroquímicos genéricos do Mercosul em atendimento à decisão do painel de arbitragem do Mercosul.

10. Drawback agropecuário

Resultado: indefinido. Faltam estudos e regulamentação.

Depende de Resolução da Camex (Câmara de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O objetivo é autorizar o regime de drawback para todos os produtos agropecuários destinados à exportação, mesmo para pessoas físicas que realizam operações com tradings e cooperativas, mediante a importação de fertilizantes, agroquímicos, outros insumos, máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária.


Boletim Informativo nº 875, semana de 1 a 7 de agosto de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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