FAEP repudia novas invasões do MST
de fazendas do Norte e Campos Gerais

O coordenador da Comissão de Política Fundiária da FAEP, Tarcísio Barbosa de Souza, mostra-se apreensivo com a inércia do Governo do Estado em reintegrar de imediato as fazendas produtivas invadidas pelo MST

A retomada das invasões de áreas rurais por sem- terra em Ortigueira, Faxinal e Ponta Grossa, no começo da segunda quinzena de julho, provoca uma nova onda de temor e intranqüilidade entre os produtores paranaenses. A FAEP foi contatada pela família proprietária da Fazenda Brasileira (entre Ortigueira e Faxinal), parcialmente tomada desde janeiro de 2003 e totalmente invadida desde 16 de julho último.

Conforme o e-mail do pedido de socorro "nenhuma providência foi tomada" apesar de uma ordem de reintegração de posse ter sido concedida pela Justiça logo após a primeira invasão, há mais de dois anos. " Pois bem: em 16 de julho de 2005, o restante das terras foi tomado por mais integrantes do MST. Mais uma ordem judicial foi ignorada e as polícias civil e militar, avisadas, nada fizeram", lamenta o porta-voz da família atingida.

O coordenador da Comissão de Política Fundiária da FAEP, Tarcísio Barbosa de Souza, mostra-se apreensivo com a inércia do Governo do Estado em reintegrar de imediato as fazendas produtivas invadidas pelo MST. "São várias áreas que permanecem invadidas no Estado. Várias aguardam há anos pelo cumprimento das ordens judiciais de reintegração de posse", volta a advertir.

Dia 19 já passava de 500 o número de invasores do MST, que tomaram um sítio ao lado da Embrapa de Ponta Grossa. E mais 300, vindos de outras regiões eram aguardados na mesma área, para armar barracas e reforçar o movimento de intimidação rural.

Os proprietários entraram na Justiça pedindo a reintegração de posse das áreas. No caso da Fazenda Brasileira, crescem a revolta e indignação com a falta de interesse do Governo do Estado, em obedecer as leis que assegurar o direito do proprietário. A família quer a responsabilização do Estado por " desobediência, já que há jurisprudência concedendo indenização em casos de não cumprimento de ordem judicial". Os relatos são de destruição total de instalações, benfeitorias e roubos de equipamentos.

De acordo com Tarcísio, o proprietário rural fica desamparado num dos momentos mais cruciais quando o próprio governo se exime de atender os preceitos da Lei. "O respaldo, a complacência e a conivência do Governo do Estado em relação às ações ilegais do MST podem provocar o recrudescimento da violência no campo", adverte mais uma vez. Principalmente, durante um período de crise como a agropecuária enfrenta hoje, com preços em queda, câmbio desfavorável e redução da renda do setor.

Araupel - Das questões levantadas e emblemáticas sobre as intervenções intempestivas do MST, um dos piores exemplos é o ocorrido com a fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu (Sudoeste). Após as sucessivas invasões, que resultaram na perda de bens, de postos de trabalho (dezenas de moradores desempregados) , de máquinas e benfeitoriais, os sem-terras acabaram por desmatar, e destruir, mais de 10.500 hectares de reserva florestal para venderem a madeira. "Um crime ecológico que permanece sem punição até hoje", aponta Tarcísio.

CPI da questão agrária - No ano passado, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito da Questão Agrária da Assembléia Legislativa do Paraná, trouxe denúncias de produtores invadidos, de terem registrado boletins de ocorrência em órgãos policiais, do setor agrário e ambiental, sem receber qualquer resposta das autoridades. A CPI instalada em 23 de maio de 2004investigou os conflitos agrários e as invasões de terra no Paraná. E revelou ligações entre o governo do estado e lideranças do MST.

Os proprietários relataram ter enviado documentos que comprovariam a omissão da polícia depois dos furtos e roubos de equipamentos das fazendas São Judas Tadeu e Agropecuária Marcosanto depois das invasões. Uma ação de reintegração de posse que chegou a ser iniciada por um comandante da PM de Antonina, cumprindo determinação da Justiça, custou ao militar o afastamento do cargo e um Inquérito policial militar, ao fim do qual o oficial foi reintegrado. O relator, deputado Mário Bradock, estranhou o pretexto atribuído ao delegado de Antonina para não dar segmento aos inquéritos - o de que estaria impedido de agir por "ordens superiores"- e sugeriu que os documentos apresentados pelos depoentes sejam encaminhados ao Ministério Público. n


Boletim Informativo nº 874, semana de 25 a 31 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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