Empreendedores Rurais

Projetos mudam vida de famílias
 que tiram seu sustento da terra

 

O campo como empresa e o produtor rural como empreendedor. Este é o objetivo e a forma de trabalho do Programa Empreendedor Rural. “Hoje, apenas o conhecimento técnico pode não ser o bastante para o sucesso, é preciso uma visão da atividade rural sustentável”, diz o presidente da FAEP Ágide Meneguette.

As três fases do programa, já apresentam resultados importantes para o estado. Uma pesquisa realizada com participantes do Programa, um após o término do treinamento, revela que o Paraná saiu na frente com a iniciativa de uma metodologia voltada para a área rural. Os resultados mostram que 14,2% dos participantes criaram seus negócios próprios em apenas um ano após o término do programa. O Empreendedor Rural ainda melhorou o capital social dos participantes. As cooperativas passaram a fornecer insumos para 57,8% deles - antes do programa, o fornecimento era para apenas 30%, envolvendo em média 71%. Depois do programa, todos os participantes passaram a fazer alguma compra na cooperativa. Na venda das produções as cooperativas tinham, a preferência de 36,4% dos participantes, com 74% de suas produções sendo vendidas para as cooperativas. O programa modificou este quadro, as cooperativas passaram a ser preferência de 44,7% dos participantes vendendo 79% das suas produções. Talvez um dos dados mais significativos seja sobre a renda total da família, que aumentou, em média, 29% para 70,3% dos participantes.

Criado por uma equipe de doutores em agricultura e educação, a primeira fase do Programa Empreendedor Rural desenvolve-se em 14 encontros semanais, num total de 120 horas. O conteúdo compreende desenvolvimento humano, gestão empreendedora e a criação de um projeto que deve ser elaborado ao longo do curso, para então ser implantado na propriedade do participante, em um grupo de propriedades ou na comunidade. Os temas abordados são globalização e política agrícola, desenvolvimento de competências pessoais, estratégias de comercialização e financiamento da produção, gestão ambiental, planejamento estratégico, matemática financeira, orçamento e fluxo de caixa e especificidades do setor agropecuário.

Um projeto é estruturado a partir de um diagnóstico da propriedade, pesquisa de mercado, engenharia de projeto e avaliações econômica e financeira. Com base neste diagnóstico o produtor traça metas para sua atividade rural e, para alcançá-las, monta o projeto, que ao final do treinamento está pronto para sua implantação. Na avaliação de Meneguette, a iniciativa de um programa como este pode mudar a realidade do Paraná, pois é capaz de formar massa crítica. “São pessoas que estão aptas a intervir no processo agrícola paranaense. Estamos formando uma nova geração de pessoas que não apenas sabem atuar como agricultores, mas agem como empreendedores do campo”.

Projetos implantados - A participação dos veteranos nas edições do Encontro Estadual de Empreendedores Rurais vem crescendo. Este semestre, eles foram coordenadores dos grupos que vieram do interior e tiveram na programação um espaço reservado para a apresentação de projetos já implantados.

Já no início da manhã do dia 11, assistiram a uma palestra sobre a responsabilidade social do empreendedor, com Roberto Belotti. Depois, se uniram aos formandos da fase um buscando a integração entre turmas e empreendedores das diferentes regiões do estado.

No espaço reservado à apresentação de trabalhos, dez projetos já implantados foram relatados. De acordo com Cristiano Martins Caetano, que atualmente participa da terceira fase do programa, “é importante para que o pessoal veja o trabalho de resultado dos seus colegas”. Ele destaca também o fato dos veteranos serem convidados a integrar o grupo novamente: “É um reconhecimento ser convidado novamente para vir para esta grandiosa festa faz bem para o nosso ego. Achei fantástica a idéia de colocar uma palestra motivacional para os veteranos. De manhã cedo a gente recebeu uma carga de vibração que está até agora com a gente”.

Os produtores rurais Luiz Henrique Fernandes e Sonia Maria Baise se basearam em tecnologias bem conhecidas na agricultura na construção de um projeto de incremento na produção de grãos. A utilização de plantio direto na palha associado à rotação de culturas e a um melhor gerenciamento dos fatores de produção, vem garantindo sustentabilidade econômica e ambiental ao sistema. Um ano após terem sido premiados com o primeiro lugar entre os trabalhos selecionados pelo concurso Melhor Projeto Empreendedor Rural, eles conversaram com os colegas sobre os resultados que vêm obtendo na propriedade: “Foi gratificante poder retornar depois de um ano com o projeto implantado. A receptividade foi muito grande, muitas pessoas já conheciam o projeto e estavam curiosas, querendo saber como funciona isso, pelo projeto ter sido premiado”, conta Luiz Henrique.

Em outro auditório, Waldemar e Marlene Geteski, de Guarapuava, apresentaram o projeto de produção de plantas medicinais, desenvolvido visando à parceria com os trabalhadores rurais que cuidam da exploração da erva-mate em sua propriedade. “O programa está sendo o caminho para viabilizarmos nossa propriedade que estava trabalhando no vermelho, com um déficit de R$ 16 mil reais identificado na fase de diagnóstico do projeto”, relata Waldemar. “O projeto é um meio de aumentar a renda dos trabalhadores que estão conosco na propriedade e que passa a ser nosso sócio, melhorar a qualidade de vida da família rural, além de aumentar a satisfação deles em relação ao meio rural”. A proposta agora, segundo o casal, é a associação com outros produtores rurais dentro da linha do associativismo.

Troca de Experiências - A apresentação dos 30 projetos selecionados entre mais de 220 avaliados pela banca examinadora do concurso Melhor Projeto Empreendedor Rural , permitiu àquelas 3 mil pessoas que participaram do IV Encontro Estadual do Programa Empreendedor Rural, dividir idéias, questioná-las, enfim, trocar experiências.

Sandro Luiz de Oliveira, engenheiro civil e empreendedor conta que a princípio pensou apenas na rentabilidade para desenvolver o projeto Oportunidades de Mercado Agrícola, mas durante a construção do projeto foram surgindo outras oportunidades como, por exemplo, o plantio de grãos diferenciados. Ele queria saber se o biodiesel reduziria o seu custo e aumentaria o seu lucro, descobriu que, para consumo próprio ele é viável, mas hoje o que realmente lhe interessa é o plantio. Carlos André Barros, produtor de girassóis, esteve na apresentação do projeto de Sandro e diz “vou aproveitar a possibilidade de utilização do biodiesel na propriedade”.

 

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Boletim Informativo nº 873, semana de 18 a 24 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná