Crise faz diminuir ritmo
das exportações agrícolas

No primeiro semestre deste ano, as exportações do complexo soja somaram US$ 4,36 bilhões, 20% a menos que os US$ 5,46 bilhões registrados entre janeiro e junho de 2004

O agronegócio, locomotiva das exportações brasileiras nos últimos anos, está perdendo fôlego. Em junho deste ano, o setor exportou US$ 4,2 bilhões; frente os US$ 4,4 bilhões registrados em igual período do ano passado. "Houve aumento das exportações de carnes, café, açúcar e álcool, mas isso não tem sido suficiente para compensar a queda registrada no segmento da soja, produto que é o carro-chefe das exportações", explica o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior (Decex) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo.

O complexo soja (farelo, óleo e grão) exportou o equivalente a 18,922 milhões de toneladas entre janeiro e junho, ou seja, praticamente o mesmo volume que em igual período do ano passado, quando o País enviou ao Exterior 18,968 milhões de toneladas. A queda dos preços internacionais da commodity, entretanto, derrubou a receita final. No primeiro semestre deste ano, as exportações do complexo soja somaram US$ 4,36 bilhões, 20% a menos que os US$ 5,46 bilhões registrados entre janeiro e junho de 2004. Isso ocorreu porque no ano passado, considerando a média dos primeiros seis meses, o complexo soja mantinha negociações nas exportações a preço de US$ 287,9 por tonelada. No primeiro semestre deste ano, o preço médio foi de US$ 230,7 por tonelada, ou seja, houve uma queda de 19,8%. Um dos fatores que provocou a que da dos preços foi a supersafra de soja nos Estados Unidos, levando a uma forte oferta no mercado internacional e conseqüente queda de preços do grão.

Durante todo o primeiro semestre, o agronegócio brasileiro exportou US$ 20,2 bilhões; o que representa um crescimento de 9,2% na comparação com os US$ 18,5 bilhões dos seis primeiros meses de 2004. A gradual perda de força nas exportações deverá fazer com que o setor deva praticamente registrar este ano a performance de 2004, com saldo da balança do agronegócio estimada em US$ 35,0 bilhões. No ano passado, o saldo positivo foi de US$ 34,1 bilhões.

Ao mesmo tempo em que o segmento da soja sofreu com a queda dos preços médios de negociação, alguns outros setores apresentaram crescimento. As exportações do complexo carnes no primeiro semestre somaram US$ 3,66 bilhões, 32,4% a mais que os US$ 2,76 bilhões de igual período do ano passado. Ao contrário do que ocorreu com a soja, houve aumento dos volumes exportados, atingindo 2,42 milhões de toneladas, 23,8% a mais que o total de 1,95 milhão de toneladas do primeiro semestre do ano passado; além de incremento dos preços médios de venda. No primeiro semestre de 2005, o valor médio das exportações do complexo carnes foi de US$ 1.513 por tonelada; 6,9% a mais que os US$ 1.415 por toneladas registrados na média do primeiro semestre de 2004.

As receitas de exportações de açúcar e álcool cresceram 69%, atingindo US$ 2,16 bilhões entre janeiro e junho deste ano, contra US$ 1,28 bilhão, em igual período de 2004. O volume exportado foi o equivalente a 9,76 milhões de toneladas, 36,3% a mais que as 6,94 milhões de toneladas dos primeiros seis meses de 2004. Além disso, o preço médio das exportações do complexo de açúcar e álcool foi de US$ 221,8 por tonelada, no primeiro semestre deste ano; 24% superior aos US$ 178,8 por tonelada do primeiro semestre do ano passado. As remessas de café atingiram US$ 1,44 milhão, 8,8% a mais que os US$ 891 milhões dos primeiros seis meses de 2004. No caso do café, o preço médio de exportação foi de US$ 1.913 por tonelada, na média do primeiro semestre deste ano; frente US$ 1.381 por tonelada, nos seis primeiros meses do ano passado. 


Boletim Informativo nº 873, semana de 18 a 24 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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