os
resultados da balança comercial de lácteos do primeiro semestre.
Entre janeiro e junho, o Brasil exportou o equivalente a 32,7 mil
toneladas de lácteos, o que gerou receita de US$ 50,7 milhões.
No mesmo período, entretanto, as importações do segmento
atingiram 40,6 mil toneladas, com gastos de divisas na ordem de
US$ 68,5 milhões. O resultado final foi um déficit na balança
comercial de lácteos de US$ 17,9 milhões. Em igual período do
ano passado, o déficit foi de US$ 7,5 milhões, e aos poucos, foi
revertida a situação. Em 2004, a balança comercial de lácteos
foi superavitária em US$ 11,5 milhões. Se as atuais taxas de
câmbio forem mantidas, será difícil repetir esse resultado
positivo em 2005, diz o presidente da CNPL/CNA.
Segundo
explica Alvim, nos últimos anos, a pecuária leiteira nacional
investiu em modernização, qualificação e aumento da
produtividade, mas todas essas conquistas correm risco de serem
perdidas se mantidos os atuais patamares do câmbio. Com o dólar
barato, alerta, há estímulo ao aumento das importações e
inibição às exportações. O resultado final é o crescimento
de oferta de lácteos no mercado interno, com queda de renda ao
produtor. "O setor estava bem, com preços internos
estáveis. Entramos no período de safra, em outubro do ano
passado, com queda suave dos preços, o que não ocorria há muito
tempo", lembra Alvim, creditando tal equilíbrio à
modernização do setor lácteo acumulada nos últimos anos.
"Agora, em poucos meses, devido à desvalorização do
dólar, já percebemos os prejuízos. Com o atual câmbio, há
dificuldade em exportar.", diz o presidente da CNPL/CNA. O
cenário torna-se ainda mais complicado pois o País, frente ao
bom momento da pecuária leiteira, expandiu a produção em 6% em
2004, e em 9,6% no primeiro trimestre, comparado aos resultados de
janeiro a março do ano passado. É mais um fator que gera grande
oferta e conseqüente queda de preços pagos ao produtor. Em Minas
Gerais, Estado responsável por 30% da produção nacional de
leite, o crescimento foi de 10% em 2004 e de 9% no primeiro
trimestre de 2005.
Dados
referentes exclusivamente ao mês de junho mostram que as
importações de lácteos somaram 8,3 mil toneladas, 89,4% a mais
que as 4,4 mil toneladas de igual período do ano passado. Em
receita, as importações de lácteos de junho representaram
despesas de US$ 14,1 milhões, 111,7% a mais que os US$ 6,6
milhões de igual mês de 2004. As exportações de lácteos
também cresceram, mas em ritmo bem mais lento. No mês passado,
as remessas de lácteos somaram, 5,3 mil toneladas, 16,1% a mais
que as 4,6 mil toneladas de junho do ano passado. No acumulado do
primeiro semestre as exportações de US$ 50,7 milhões do setor
representam valor 71,1% maior que os US$ 29,6 milhões de remessas
de lácteos de igual período do ano passado. Apesar de o
resultado de exportações dos primeiros seis meses sugerir que o
setor passa por momento positivo, a tendência, caso mantida a
atual taxa de câmbio, é de gradativa queda do fôlego das
exportações de lácteos, alerta Alvim.
A
CNA está se preparando para realizar, nos próximos dias,
reuniões com lideranças da pecuária de leite nacional, de forma
a estudar propostas que minimizem os impactos da crise do setor.
"Há preocupação de que se repita a crise de 2001, quando
houve crescimento de oferta. A solução, à época, foi buscar a
possibilidade de exportar, o que conseguimos e que agora, devido
ao câmbio, poderá gerar nova crise", diz Alvim. |