Comprovada desaceleração das
 exportações do Agronegócio

As exportações do agronegócio brasileiro ainda apresentam resultados positivos, mas perderam a velocidade de crescimento que foi marca do setor nos últimos anos. Entre janeiro e maio deste ano, as exportações do setor somaram US$ 15,9 bilhões, 13,5% a mais que os US$ 14 bilhões registrados em igual período do ano passado. Esses US$ 14 bilhões de exportações do agronegócio acumulados entre janeiro e maio de 2004 foram, portanto, valor 32,5% maior que os US$ 11 bilhões das exportações do setor nos cinco primeiros meses de 2003. "O  ritmo  de 

crescimento das exportações caiu pela metade", diz o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior (Decex) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O resultado das exportações do agronegócio acumulados entre janeiro e maio é recorde, mas demonstra perda do fôlego do setor em manter o ritmo de crescimento de remessas de commodities agrícolas ao mercado mundial. Os números provam essa crise. Nos primeiros cinco meses do ano passado, o agronegócio foi responsável por 41,5% do total das exportações brasileiras no período. Entre janeiro e maio de 2005, o agronegócio reduziu sua participação no total das exportações brasileiras para 36,8% do total.

O resultado das exportações do agronegócio deste ano, menos positivo que o do 2004, deve-se principalmente aos problemas enfrentados no mercado de soja, que é o carro-chefe das exportações do setor. Este ano, houve frustração de safra, ou seja, havia expectativa de ampliação da oferta do grão, mas o resultado final foi uma colheita em volume semelhante ao do ano passado. As vendas do complexo soja somaram US$ 3,24 bilhões até maio, 10,2% a menos que os US$ 3,61 bilhões de igual período do ano passado.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2004/2005, a produção brasileira de soja é de aproximadamente 50 milhões de toneladas, praticamente o mesmo da safra 2003/2004; embora os produtores tenham ampliado a área plantada em dois milhões de hectares. Seca em algumas regiões, chuvas excessivas em outros pontos do País e a incidência da ferrugem asiática provocaram a frustração de safra. Além disso, a supersafra dos Estados Unidos fez com que os preços internacionais da soja, referenciados pela Bolsa de Chicago, caíssem. O preço médio de exportação dos produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo) era de US$ 228,3 por tonelada, em maio deste ano; valor 20,1% inferior ao de US$ 285,9 por tonelada praticado em maio do ano passado. O complexo soja, que foi responsável por exportações de US$ 10 bilhões no ano passado, deverá responder por apenas US$ 8 bilhões, este ano.

Em média, os itens da pauta de exportação do agronegócio foram negociados, em maio deste ano, a preços 4,4% menores que em igual mês do ano passado. Há casos, como o do algodão, que era vendido por US$ 3,2 mil a tonelada, em maio de 2004, e em maio deste ano tinha preço de exportação de US$ 2,5 mil a tonelada. É uma queda de 13,1%. Alguns segmentos conseguiram driblar o cenário de crise, como nos casos do café e de açúcar e álcool, produtos que tiveram aumento dos preços internacionais. Os resultados melhores desses segmentos, no entanto, não conseguem compensar a perda geral de fôlego das exportações do agronegócio brasileiro.

Apesar da desaceleração do ritmo das exportações, 2005 deverá encerrar com novos recordes. Segundo Beraldo, as exportações do agronegócio devem atingir a marca de US$ 42 bilhões este ano, em crescimento de 8% na comparação com os US$ 34,1 bilhões, do ano passado. O saldo da balança comercial do agronegócio é estimado em US$ 36,5 bilhões, frente US$ 34,1 bilhões, no ano passado. Segundo explica Beraldo, a desvalorização do dólar estimula importações e dificulta exportações, gerando como resultado final um saldo comercial um pouco mais tímido. 


Boletim Informativo nº 871, semana de 04 a 10 de julho 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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