crescimento das
exportações caiu pela metade", diz o chefe do Departamento
de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior (Decex) da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O
resultado das exportações do agronegócio acumulados entre
janeiro e maio é recorde, mas demonstra perda do fôlego do setor
em manter o ritmo de crescimento de remessas de commodities
agrícolas ao mercado mundial. Os números provam essa crise. Nos
primeiros cinco meses do ano passado, o agronegócio foi
responsável por 41,5% do total das exportações brasileiras no
período. Entre janeiro e maio de 2005, o agronegócio reduziu sua
participação no total das exportações brasileiras para 36,8%
do total.
O
resultado das exportações do agronegócio deste ano, menos
positivo que o do 2004, deve-se principalmente aos problemas
enfrentados no mercado de soja, que é o carro-chefe das
exportações do setor. Este ano, houve frustração de safra, ou
seja, havia expectativa de ampliação da oferta do grão, mas o
resultado final foi uma colheita em volume semelhante ao do ano
passado. As vendas do complexo soja somaram US$ 3,24 bilhões até
maio, 10,2% a menos que os US$ 3,61 bilhões de igual período do
ano passado.
Segundo
dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra
2004/2005, a produção brasileira de soja é de aproximadamente
50 milhões de toneladas, praticamente o mesmo da safra 2003/2004;
embora os produtores tenham ampliado a área plantada em dois
milhões de hectares. Seca em algumas regiões, chuvas excessivas
em outros pontos do País e a incidência da ferrugem asiática
provocaram a frustração de safra. Além disso, a supersafra dos
Estados Unidos fez com que os preços internacionais da soja,
referenciados pela Bolsa de Chicago, caíssem. O preço médio de
exportação dos produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo)
era de US$ 228,3 por tonelada, em maio deste ano; valor 20,1%
inferior ao de US$ 285,9 por tonelada praticado em maio do ano
passado. O complexo soja, que foi responsável por exportações
de US$ 10 bilhões no ano passado, deverá responder por apenas
US$ 8 bilhões, este ano.
Em
média, os itens da pauta de exportação do agronegócio foram
negociados, em maio deste ano, a preços 4,4% menores que em igual
mês do ano passado. Há casos, como o do algodão, que era
vendido por US$ 3,2 mil a tonelada, em maio de 2004, e em maio
deste ano tinha preço de exportação de US$ 2,5 mil a tonelada.
É uma queda de 13,1%. Alguns segmentos conseguiram driblar o
cenário de crise, como nos casos do café e de açúcar e
álcool, produtos que tiveram aumento dos preços internacionais.
Os resultados melhores desses segmentos, no entanto, não
conseguem compensar a perda geral de fôlego das exportações do
agronegócio brasileiro.
Apesar
da desaceleração do ritmo das exportações, 2005 deverá
encerrar com novos recordes. Segundo Beraldo, as exportações do
agronegócio devem atingir a marca de US$ 42 bilhões este ano, em
crescimento de 8% na comparação com os US$ 34,1 bilhões, do ano
passado. O saldo da balança comercial do agronegócio é estimado
em US$ 36,5 bilhões, frente US$ 34,1 bilhões, no ano passado.
Segundo explica Beraldo, a desvalorização do dólar estimula
importações e dificulta exportações, gerando como resultado
final um saldo comercial um pouco mais tímido. |