Os
recursos destinados ao crédito rural oficial não chegam a
entusiasmar, uma vez que aqueles a juros controlados (8,75%)
tiveram um incremento de 15%, valor inferior ao aumento dos custos
de produção das lavouras comerciais, o que significa área menor
de plantio a juros mais suportáveis pelo produtor, ou emprego de
menos tecnologia, o que implica em menor produtividade. A isso,
soma-se a possibilidade de esse valor não ser atingido devido a
não ser conhecido ainda o volume alongado das parcelas vencidas e
a vencer em 2005. O problema é que não se sabe, portanto, qual o
volume de recursos que voltará aos cofres do Banco do Brasil (BB),
o principal financiador, para ser reaplicado na agropecuária
nacional.
Já
os recursos para investimento guardam a mesma proporção da safra
anterior (37%), com relação ao total empregado no crédito e um
aumento pouco substancial (4%) em relação à safra passada, o
que de certo modo evita um estímulo maior ao produtor, num
momento em que qualquer endividamento por investimento só deve
acontecer de modo muito ponderado e se for muito necessário.
Quanto
aos novos mínimos, das culturas do Paraná só houve alterações
dos preços do arroz, do milho e do alho, que são insignificantes
e não satisfazem os produtores. Não somaram praticamente nada.
Ficou
bastante clara, também, a intenção do governo de incrementar o
crédito através das CPR’s, com aval oficial do Banco do
Brasil, haja vista o aumento de recursos destinados a essa fonte,
da ordem de 150% em relação à safra passada. Convém lembrar
que os juros cobrados na CPR rondam a 1,7% ao mês, o que para a
agricultura é muito alto, incompatível com a atividade.
O
produtor deve analisar com muito cuidado sua utilização.
Conheça
a seguir a política de crédito rural do novo ano agrícola.
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Plano
Agrícola e Pecuário 2005 / 06
Síntese das Medidas |
1. Crédito Rural
O Plano Agrícola
e Pecuário 2005-06 programa a aplicação de R$ 44,35 bilhões no
crédito rural. Este montante representa um crescimento de 12,4%
sobre o volume de recursos programados para a safra 2004-05.
Nas últimas
três safras o volume de recursos do crédito rural cresceu 61% e
atingirá o recorde em 2005-06. Os recursos para financiar os
investimentos na agricultura cresceram 79%.
Os encargos
financeiros de todas as linhas de financiamento serão os mesmos
fixados para a safra 2004-05. A política de manutenção do
patamar das taxas de juros fixas para o crédito rural, adotada no
Governo Lula, representa uma grande conquista da agricultura
brasileira, já que vem ocorrendo no período uma escalada da taxa
básica de juros.
Os números do
Plano Agrícola e Pecuário 2005-06, detalhados a seguir,
reafirmam o compromisso do Governo em apoiar a busca continuada de
ganhos de competitividade do agronegócio brasileiro.
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1.1. Custeio e Comercialização
Os recursos
programados para custeio e comercialização da safra 2005-06
somam R$ 33,2 bilhões, superando em 15,5% o volume programado da
safra anterior. As linhas de financiamento com juros controlados
representarão 63% deste total, crescendo 18% sobre a safra
2004-05.
O Governo Federal
acredita que o volume de recursos do crédito rural contribuirá
para que seja atingida uma produção de grãos superior a 125
milhões de toneladas na safra 2005-06.
Está definida a
manutenção dos limites de adiantamento de crédito por tomador
da safra 2004-05. Poderão obter limite adicional os produtores
que:
l Já
praticarem ou apresentarem plano de recuperação de matas
ciliares e reserva legal (15% de adicional);
l Utilizarem
sistemas de rastreabilidade na produção pecuária (15% de
adicional); e
l Comprovarem
utilização de práticas de integração lavoura-pecuária
(limites independentes entre custeio agrícola e custeio
pecuário).
Merecem destaque
algumas das inovações do crédito de custeio e comercialização
para a safra 2005-06:
l Permissão
de financiamento da aquisição de leitões por suinocultores
independentes por meio de recursos do custeio pecuário, até
então enquadrado como investimento semi-fixo;
l Permissão
de substituição da pluma por fio composto por 100% de algodão
como penhor de Empréstimos do Governo Federal (EGF); e
l Aumento
do prazo do Depósito Interbancário Vinculado ao Crédito Rural
(DIR) de 60 para 120 dias, facilitando a transferência de
recursos para bancos interessados em operar com carteira de
crédito rural.
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1.2. Investimentos
Os recursos para
financiar os investimentos na agricultura também crescerão na
safra 2005-06. Estão sendo programados R$ 11,15 bilhões em
recursos, um volume 4,2% superior ao da safra 2004-05.
O Governo Federal
pretende, neste Plano Agrícola e Pecuário 2005-06, valorizar os
investimentos em projetos de adequação ambiental e sanitária e
em projetos de agregação de valor a produtos agropecuários.
Os programas de
financiamento coordenados pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), com recursos do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terão
programação de recursos que supera R$ 9 bilhões na safra
2005-06, crescendo 5,2% sobre os R$ 8,6 bilhões da safra
anterior.
Foram adotadas
medidas com vistas a evitar a interrupção na contratação de
operações ao amparo dos programas de investimento com recursos
do BNDES. No caso dos programas que contam com saldo de recursos
definidos no Plano Agrícola e Pecuário 2004-05, os créditos
continuarão sendo concedidos após a data-limite de 30 de junho
de 2005. Para os programas que não contam com saldo de recursos,
será concedida a contratação antecipada de financiamento.
O Plano Agrícola
e Pecuário 2005-06 prevê ajustes pontuais em alguns programas do
BNDES, relacionados aos limites de financiamento e itens
financiáveis, com destaque para:
-
MODERFROTA
(Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e
Implementos Associados e Colheitadeiras): elevação do limite
de crédito de 80% para 90% do valor do bem, para produtor com
renda agropecuária bruta anual superior a R$ 150 mil;
manutenção do limite de 100% do valor do bem para produtor
com renda agropecuária bruta anual inferior a R$ 150 mil;
-
PRODECOOP
(Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de
Valor à Produção Agropecuária): elevação do limite de R$
20 milhões para R$ 35 milhões e manutenção da
possibilidade de adicional de 100% para investimentos em
outras unidades da federação ou no âmbito de cooperativas
centrais; inclusão de projetos de adequação ambiental ainda
não enquadrados, de adequação sanitária e de
industrialização de cachaça;
-
PROPFLORA
(Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas):
inclusão de despesas de mão-de-obra, compatíveis com custos
regionais, como item financiável, e inclusão de projetos de
produção de madeira destinada à queima no processo de
secagem de produtos agrícolas;
-
MODERAGRO
(Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de
Recursos Naturais): inclusão de projetos de adequação
ambiental de propriedades rurais aos itens já financiáveis;
-
PRODEAGRO
(Programa de Desenvolvimento do Agronegócio): inclusão de
projetos relacionados à agregação de valor na produção de
flores e aqüicultura;
-
PRODEFRUTA
(Programa de Desenvolvimento da Fruticultura): apoio ao
desenvolvimento da fruticultura brasileira, especialmente no
âmbito do Programa de Produção Integrada de Frutas – PIF
Brasil; e
-
FINAME
AGRÍCOLA ESPECIAL: inclusão de
manutenção ou recuperação de tratores agrícolas e
aquisição de aviões de uso agrícola como itens
financiáveis.
A tabela a seguir
resume as principais características dos programas de
investimento do Plano Agrícola e Pecuário 2005-06.
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2. Preços Mínimos
O Plano Agrícola
e Pecuário 2005-06 prevê a correção dos preços mínimos de
alguns produtos. A correção dos preços dos produtos regionais
procurou ampliar o apoio às culturas das regiões Norte e
Nordeste e incentivar a produção de mamona, visando o programa
de produção de biodiesel.
A tabela a seguir
apresenta as correções dos preços mínimos para a safra
2005-06. Foram corrigidos também os preços mínimos de sementes
de feijão macaçar, juta e malva. |
Preços
Mínimos Alterados para a Safra 2005-06 |
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3. PROAGRO: novos produtos e redução das alíquotas
O Plano Agrícola e Pecuário 2005-06 estabelece a realização de
zoneamento agrícola para as culturas de banana, café, caju,
cevada mamona, mandioca e uva.
As alíquotas de
adicional do PROAGRO ficaram assim estabelecidas:
-
Banana, Caju
e Uva: 3,5%;
-
Café: 4,7%;
-
Cevada:
redução de 11,7% para 5%. Em caso de utilização de plantio
direto, a alíquota de adicional é de 4%. A utilização de
cultivo sob irrigação é obrigatória nos estados de Minas
Gerais e São Paulo, e, neste caso, a alíquota é de 2%; e
- Mamona e Mandioca: redução
de 9,4% para 3,9%, mesmo nível de algodão, milho e soja.
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