A
organização marcou a entrada dos produtores rurais na Esplanada
dos Ministérios. Eles saíram da Granja do Torto, local da
concentração, na noite de segunda-feira, 27. O comboio, de três
mil tratores e 300 caminhões, se deslocou pela rodovia DF 040. À
meia-noite, o primeiro trator estacionou no canteiro central da
Esplanada. O tratoraço foi recebido com uma grande festa por
centenas de produtores rurais que já estavam acampados desde cedo
no local. O encontro de manifestantes a pé e dos produtores em
seus tratores foi considerado o momento mais emocionante, quando
também foi executado Hino Nacional. Segundo o presidente da
Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), Ágide Meneguette, a
movimentação dos produtores rurais revela uma crise que o
Governo Federal insiste em ignorar e que pode se agravar caso não
se adote nenhuma medida para solucioná-la. "É importante
que os agricultores mostrem sua indignação e reivindiquem
condições melhores para trabalhar e produzir", afirmou
Meneguette.
Ele
lembrou que há mais de uma década a agropecuária tem sido a
responsável pelos números positivos de crescimento do PIB
nacional. "Já foi classificada de âncora verde da economia
brasileira, responsável pela manutenção dos níveis de
crescimento da economia enquanto outras atividades estavam em
estagnação ou mesmo em queda".
O
presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), Antônio Ernesto de Salvo, disse que as medidas solicitadas
pelos produtores rurais para reverter a atual crise do setor
agropecuário são "exeqüíveis" porque o segmento gera
negócios da ordem de R$ 170 bilhões, mas as dificuldades
englobam um volume de recursos que podem variar entre R$ 5
bilhões e R$ 26 bilhões. "Não se trata de um tsunami
agrícola", enfatizou.
O
presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, declarou que "se
o setor não tiver o apoio não vai plantar outra safra e que o
governo tem recursos para ajudar os produtores a enfrentar a
crise". Ele ressaltou que o ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, tem se destacado como interlocutor do produtores rurais
junto ao governo federal, embora fique limitado pelo orçamento
pouco representativo, cerca de 0,8% do total. "Ele tem
ajudado muito e será fundamental no acerto que pretendemos
ter", completou.
Antônio
Ernesto de Salvo disse que o Brasil é o país agrícola mais
competitivo do mundo, mas funciona como uma indústria a céu
aberto, sujeito a intempéries do clima e que precisa de apoio em
momentos de instabilidade. "O produtor não é Jeca Tatu. Ele
é competitivo, usa tecnologia e não forma cartel, mas é vítima
da concentração de mercado", enfatizou. Ele defendeu que no
mundo inteiro o negócio agrícola é feito de altos e baixos e
necessita de proteção. "É por isso que no mundo inteiro se
dá US$ 1 bilhão para sustentar a renda na agricultura",
disse de Salvo, referindo-se aos subsídios que os países
desenvolvidos concedem anualmente ao setor. |