Avicultura, de mãos amarradas, 
aguarda mudanças em norma

Cresce a expectativa de que o governo atenda aos avicultores paranaenses e proíba o uso de farinha de carne e ossos de ruminantes nas rações de aves e, por extensão, de suínos também. Reunida dia 20, em Curitiba, a Comissão Técnica de Avicultura da FAEP (foto) manifestou-se ansiosa pela decisão. Conforme Amarildo Brustolin, presidente da Comissão, a eliminação dos componentes de origem animal derrubará as barreiras para que a cama de frango volte a ser utilizada pelo menos na adubação de pastagens, como era feito até pouco tempo atrás.


O uso da cama foi vetado em todo o território nacional pela Instrução Normativa nº 15, de 24 de dezembro de 2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em março de 2005, a FAEP encaminhou ofício ao Governo Federal para que a normativa fosse alterada, o que não aconteceu ainda.

A proibição é conseqüência do medo da presença da proteína causadora do mal da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme bovina) nos resíduos de aves. Embora o Brasil não tenha registrado nenhum caso do mal da vaca louca até agora, a aplicação das farinhas de ruminantes na alimentação de aves e suínos constitui uma barreira de mercado. E "a normativa 15 generalizou tudo" reclamam os avicultores.

Se demorar muito não teremos mais como destinar as camas "inviabilizando e comprometendo totalmente a nossa atividade", alertou ainda o grupo da Comissão Técnica de Aves da FAEP. Segundo os produtores, o governo não leva em conta o fato de muitas integradoras já terem eliminado de suas rações as farinhas de carnes e ossos de ruminantes, e impede seus criadores de retomarem uma destinação economicamente adequada às sobras dos barracões. A comercialização do insumo ajuda a baixar os custos de produção das granjas.

A cama de frango é formada pela maravalha (serragem de madeira) e as fezes das aves. Duas vezes por ano, em média, é retirada dos barracões, a cada 6 a 7 lotes de 18 mil frangos cada um. Cada limpeza resulta num volume em torno de 1,089 milhão de toneladas, uma montanha de matéria orgânica. Na região Sudoeste, por exemplo, o MAPA aconselhou os avicultores a enterrarem os resíduos. Além da necessidade de uma grande vala para isto, os produtores questionam a destinação não só pela questão ambiental de escolha do terreno para o buraco como pelos riscos de contaminação de águas subterrâneas.

O viável é a edição de uma medida, de uma norma específica de proibição ao uso das farinhas animais nos alimentos de aves e suínos, dentro da máxima de que é melhor prevenir do que remediar. OU seja, como defende a CT de Avicultura da FAEP, "tirar este ingrediente da ração", o que resolveria de uma vez por todas a pendência. Desde 1996 está proibido o uso de proteína animal nas rações para ruminantes. Mas a medida não se estende ainda, para as rações de frangos e suínos no Brasil.

Mais recursos – Além do temor pela demora em uma decisão quanto à cama, os paranaenses aguardam uma prorrogação dos prazos dos financiamentos de investimento, para as perdas devido a fatores climáticos. O setor encaminhou apelo ao Governo Federal por novos recursos, com prazos de pagamento de 12 anos, e não 8 anos como vem sendo falado.

O Paraná ocupa lugar de ponta na avicultura nacional. Entre janeiro e abril de 2005 consagrou-se como o segundo maior exportador de carne do quadrimestre. É o maior produtor nacional. A média de abate diário gira em torno das 7 milhões de aves/dia.

Além do presidente Amarildo Brustolin, participaram da reunião da CT de Avicultura, os produtores Otacílio Viapiani (vice-presidente), Helmuth Bleil Jr (secretário), Waldir Martello, Adelino Secco, Iomar Baunermann, Osvaldo Telman, Odário Ruths, Júlio Cézar de Souza e Rubi Cassel.

 


Boletim Informativo nº 870, semana de 27 de junho a 03 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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