FAEP pede medidas do governo para
evitar crise anunciada no trigo

O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, enviou ofício aos ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, solicitando medidas do Governo Federal para evitar o risco de colapso na comercialização do trigo nacional.

Meneguette cita uma série de fatores que tem atribulado o produtor de trigo, em geral o pequeno e o médio. A crise vem desde o ano passado, em função do baixo preço, do aumento dos custos dos insumos em 2004 (que continuam elevados em 2005), da competição com o trigo argentino, do câmbio desfavorável, da falta de recursos para custeio, comercialização e armazenagem, do não cumprimento do preço mínimo de garantia e da falta de navios e preços altos para a cabotagem do produto da região Sul para o Norte e Nordeste do Brasil.

Para evitar o travamento da comercialização, como aconteceu na última safra, implicando em diversas prorrogações dos financiamentos de custeio, a FAEP enumerou algumas propostas. O que se pede é que o Governo garanta o cumprimento do que estabelece a Política de Garantia de Preços Mínimos e disponibilize recursos para a comercialização, a fim de dar sustentação aos preços no mercado, através de instrumentos como os Contratos de Opção, PEP, EGF e AGF.

Os recurso de comercialização, segundo a sugestão da FAEP, devem ser liberados de forma escalonada nos meses de agosto, setembro e outubro, a fim de evitar a competição com o trigo argentino e garantir uma renda média maior para o setor produtivo. Uma medida importante para encaminhar a questão do trigo no país, segundo Meneguette, é reduzir o custo do frete da cabotagem entre a região Sul e as regiões Sudeste, Norte e Nordeste. A legislação atual é muito restritiva ao uso de navios com bandeira estrangeira, apesar de a frota nacional não dispor de embarcações em quantidade suficiente. Assim, o frete marítimo da Argentina para o nordeste brasileiro e até do Brasil para a África do Sul custa menos do que o da região Sul para o Nordeste. "Reduzindo os custos de cabotagem, o produtor brasileiro poderá competir em condições de igualdade com o estrangeiro, implicando numa substituição de importações do trigo, rendendo divisas para o país e atendendo o mercado interno", afirma o presidente da FAEP.

Boletim Informativo nº 870, semana de 27 de junho a 03 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná