Jornal Folha de Londrina

Visão curta de Paloci
fustra ruralistas

E mais: verbas anunciadas não existem, revela Ronaldo Caiado

A visão curta do ministro monetarista Antonio Palocci acerca do negócio rural deixou frustrados os líderes ruralistas que foram falar com ele, em busca da liberação de verbas para socorro aos produtores endividados em face da queda de safras. Porque ele negou ajuda. Com ele estava o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que não tem as chaves do cofre e também saiu desapontado com a recusa do colega.

O ministro Palocci desdenhou da reivindicação e disse que ‘’primeiro é preciso acabar com o rombo da Previdência’’. Não entendeu a grave dificuldade pela qual passa a agricultura brasileira e, destacadamente, a paranaense. No Paraná, a diminuição do volume das colheitas, devido à ausência de chuva nos momentos apropriados, reduziu a renda dos produtores que não puderam bancar as dívidas assumidas com financiamentos. De qualquer modo, os lavradores marcharão até Brasília no próximo dia 29 para pressionar o Governo.

O deputado Ronaldo Caiado, que participava do grupo que foi até o ministro, fez denúncias graves ao sair da reunião, como a de que verbas que o Governo já anunciou para o setor não chegaram aos produtores. Referiu-se ao anúncio da liberação de R$ 1 bilhão de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador para os agricultores, a fim de quitarem suas dívidas com financiadores de insumos, afirmando que ‘’este dinheiro não existe porque seu custo é muito elevado’’. Caiado declarou que é fictício o R$ 1 bilhão anunciado semanas atrás pelo Governo para a comercialização de arroz, algodão e farinha de mandioca.

O parlamentar ruralista deve saber o que está dizendo. Fazendo coro com estas afirmações, deputados da bancada ruralista declaram que também o orçamento do Ministério da Agricultura para o campo ‘’é apenas virtual’’. São estarrecedoras essas revelações, demonstrando que o Governo blefa. Talvez nem o presidente da República saiba dessas coisas como, certa ocasião, ao visitar Goiás, descobriu que uma verba que ele havia anunciado para aquele estado nunca fora liberada pelo poderoso ministro da Fazenda. Recusa de auxílio de um lado, como ora acontece, verbas anunciadas mas não reais, de outro.

Assim marcha a política governamental com relação ao setor agrícola, que o Governo parece não considerar importante, embora cante a vitória do superávit no mercado externo, que tem justamente nos produtos do campo o seu forte agente. Será mais difícil para o País avançar em seu desenvolvimento se gestões governamentais, como a do déficit da Previdência, não caminharem paralelas com medidas desenvolvimentistas, como o atendimento ao setor da produção rural, segmento econômico que vem dando forte sustentação ao próprio Governo. Sai José Dirceu e fica Palocci, agora o grande mandante da República mas cuja visão curta não ultrapassa a linha do horizonte de Brasília.

(Extraído do jornal Folha de Londrina de 23 de junho de 2005)

 


Boletim Informativo nº 870, semana de 27 de junho a 03 de julho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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