Devastação ambiental

Quadrilha formada por sem-terra
rouba madeira em Rio Bonito

A Polícia Civil de Laranjeiras do Sul começou a desarticular na semana passada uma das maiores quadrilhas que atuavam na venda clandestina de madeira no interior do Paraná. Em ação conjunta com as polícias Federal e Florestal, foram apreendidos 12 caminhões carregados de madeira, pinus e araucária principalmente. Nove pessoas foram presas e outras três conseguiram fugir após um tiroteio.

A ação policial toca apenas numa pequena ponta do iceberg de crimes ambientais cometidos por um grupo de sem-terra na região. 


Entre 1996 e 2002, nada menos do que 10,6 mil hectares (16 mil, segundo ambientalistas) da terceira maior floresta 
nativa do Paraná foram dizimados pelo MST

Segundo o delegado de Laranjeiras do Sul, Lino Lopes, o esquema era comandado por um vereador de Rio Bonito do Iguaçu e chegou a tirar 60 caminhões de toras por dia de uma reserva do Incra.

O grupo é acusado de traficar armas e drogas. Depois da prisão dos nove motoristas das madeireiras, os policiais tentam agora localizar e prender os chefes da quadrilha, cerca de dez pessoas, que comandavam um acampamento de 110 famílias dissidentes do MST. Até semana passada policiais da Força Verde vigiavam as saídas do acampamento independente para evitar que os sem-terra retirassem a madeira já cortada, que daria para encher cerca de 100 caminhões.

Este último crime em Rio Bonito é apenas a seqüência de um roteiro de devastação iniciado em 1996, quando cerca de três mil famílias de sem-terra invadiram uma fazenda da empresa Araupel (antiga Giacometti Marodin). Segundo a ONG SOS Mata Atlântica, a devastação promovida pelos liderados do MST na fazenda Rio das Cobras foi o maior crime já cometido contra este bioma nas últimas décadas.

Entre 1996 e 2002, nada menos do que 10,6 mil hectares (16 mil, segundo ambientalistas) da terceira maior floresta nativa do Paraná foram dizimados pelo MST. O absurdo, denunciado pela FAEP em audiência pública na Assembléia Legislativa, em novembro do ano passado, é que as autoridades sabiam que estava acontecendo, foram alertadas sobre a devastação, mas não fizeram nada para impedir aquele que é considerado o maior crime contra a Mata Atlântica nas últimas décadas.

Leia um trecho do documento "Flora devastada pelo MST", preparado pela bióloga Teresa Cristina Castellano Margarido, do Museu de História Natural de Curitiba, que resume a devastação promovida pelos sem-terra, com conivência das autoridades:

"Da área original de 79.494 hectares da Fazenda Rio das Cobras, 26.252 hectares foram desapropriados entre 1997 e 1998 para implantação de assentamentos. Restavam, até então, 53.242 hectares da área total da fazenda, dos quais apenas 50% (23.572 hectares) correspondiam à área anteriormente ocupada pela floresta nativa.

Após a desapropriação ocorreram três novas invasões, entre 1999 e 2000, verificando-se novamente a completa devastação devida ao desmatamento e às queimadas provocadas pelo MST. Essa degradação ambiental é facilmente constatada através da análise das imagens de satélite, feitas menos de dois anos após a desapropriação". A denúncia sobre a devastação, além de ter sido apresentada na Assembléia Legislativa, foi publicada no Boletim Informativo da FAEP nº 843, da semana de 22 a 28 de novembro de 2004. 

 


Boletim Informativo nº 869, semana de 20 a 26 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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