Produtores rurais planejam  
manifestação em Brasília

Na semana passada (31/05), o protesto dos produtores realizado em 12 Estados mostrou que diversos segmentos do setor agropecuário enfrentam dificuldades.

 

Produtores rurais de todo o Brasil já começam a planejar uma marcha a Brasília em protesto contra a falta de ações de apoio contra a crise que atinge atualmente a agropecuária brasileira. A decisão foi tomada dia sete, em reunião de representantes de Federações de Agricultura de 12 Estados realizada na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para avaliação do movimento de protesto que envolveu 70 mil produtores em vários pontos do País no último dia 31 de maio.

"O empresário rural quer definições e busca posições sólidas e permanentes", diz Carlos Sperotto, presidente da Comissão Nacional de Crédito Rural da CNA. Os problemas do setor rural foram apresentados na quarta-feira, dia oito, ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto.

Na semana passada (31/05), o protesto dos produtores realizado em 12 Estados mostrou que diversos segmentos do setor agropecuário enfrentam dificuldades, como baixo preço da comercialização, que não cobre os custos de produção; quebra de safra devido a fatores climáticos e, com isso, perda de renda, gerando incapacidade para o pagamento de dívidas rurais. Segundo informação da diretoria da CNA, está na programação uma marcha a Brasília, a presença maciça de produtores, quando será levada ao conhecimento do presidente Lula, mais uma vez, uma agenda positiva, como aconteceu em 1999. A data da manifestação ainda não está confirmada, mas os produtores têm certeza de que em 15 dias, caso não haja boas notícias para a agropecuária, será possível estar com o protesto em Brasília.

A ansiedade é muito grande, a necessidade de solução é maior ainda e a futura safra está aí, dizem especialistas, lembrando que muitos produtores estão com dificuldades para quitar débitos de crédito rural relativos à última safra, devido às recentes dificuldades de comercialização e queda de renda. Dirigentes da CNA admitem que foi extremamente positiva a liberação de R$ 1 bilhão de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalho (FAT) para a renegociação de dívidas entre produtores e fornecedores de insumos, conforme aprovado na semana passada. Somente essa linha, entretanto, não resolve o problema da agropecuária, alertam.

Foi solicitado ao ministro da Agricultura que ficasse congelada a negociação do plano de safra 2005/2006, para previamente se ter solução dos assuntos que ainda ficaram de rescaldo da atual safra. A CNA solicitou ao Governo, na proposta de plano agrícola do ano passado, a liberação de R$ 81 bilhões. Mas até o presente momento foram liberados apenas R$ 23,6 bilhões..

Na manifestação realizada em 31 de maio, os 12 Estados atingidos detectaram vários motivos que levaram à crise na agropecuária, como problemas climáticos, baixo preço de comercialização, endividamento, falta de crédito, concorrência do arroz do Mercosul e câmbio desfavorável. Como resultado da reunião dos produtores realizada hoje, será preparado documento com análise completa e consolidada sobre a crise que atinge a agropecuária, a ser apresentado amanhã ao presidente da República. 


Boletim Informativo nº 868, semana de 13 a 19 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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