“A verdade que se coloca aqui não é a verdade completa das coisas”

Imagem da TV Educativa sobre a reunião do
secretariado

Na reunião do Governo do Estado com o secretariado em 31 de maio (a reunião da escolinha), o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, acirrou o debate quando deixou clara sua discordância sobre o processo de criação das unidades de conservação federal. Acompanhe Pessuti e veja sua posição em relação às falas do governador Requião:

“Como secretário da Agricultura e vice-governador do Paraná, em nenhum momento eu fui chamado para qualquer discussão envolvendo estas áreas. Tenho 52 anos de existência, de vida, todos eles em atuação no meio rural, no meio ambiente no

desenvolvimento sustentável do Estado do Paraná.

A verdade que se coloca aqui não é a verdade completa das coisas. Precisamos ter uma discussão. Realmente, ninguém é contra as unidades de conservação. Talvez, mais do que vocês, seja eu um defensor disso daqui. Só não concordo com a forma como as coisas são colocadas.

Lógico, a população tem que ser esclarecida daquilo que está sendo feito para não criar a revolta que este tipo de brincadeira, desnecessária, e as provocações, que fazem inclusive em relação a minha pessoa.

Eu defendo isto, mas gostaria de ser convocado e chamado para discutir. Por que, por exemplo, o município de Teixeira Soares - que não é um município pequenininho – e a compra de imóveis envolve 10% da área. Lá estiveram diversas pessoas, na reunião em que estávamos o Raska (o presidente do IAP) e eu, na audiência pública não constava mais de 10 pessoas. Nem o prefeito da cidade sabia, nem os vereadores sabiam.

Então, não é questão de ser contra. É a questão da forma como está sendo colocada. Por exemplo, em Ponta Grossa me perguntaram: Por que falou-se aqui em banhados e área? - Por que a área dos alagados de Ponta Grossa, onde estão as mansões, não foram incluídas nesta área de preservação?

Falou-se aqui das várzeas.

É importante dizer que, até 12 anos atrás, programas de governo, - com apoio inclusive do nosso Governo de Estado - estimularam a utilização das várzeas. Portanto, não é legítimo hoje, no meu ponto de vista, que o agricultor seja preso ou multado porque esteja explorando as várzeas, onde inclusive tem um remanescente de financiamento que foi dado pelo Governo do Estado para que ele explorasse a várzea. Vamos, então, fazer uma flexibilização em cima disto.
Só disse isso, porque não concordo quando o menino que, me desculpem, não sei o nome (Maurício Savi, consultor do Ministério do Meio Ambiente), foi falar em núcleos e UDR e olhou para mim como se eu fosse, talvez, o representante da UDR. Nunca fui e nunca serei. E o meu amigo Draviki (que estava ao lado de Pessuti) fez uma brincadeira desnecessária. E ele não estava, evidentemente, neste momento com a brincadeira direcionando a meu respeito o que tenho a ele.

Quero dizer que, na prática, muitas vezes a coisa é diferente. Eu concordo plenamente com toda a intenção.

Eu disse aqui para eles: a questão da Sadia. As exigências que a Sadia faz ao meio ambiente, lá os três S- suinocultura Sadia sustentável-, elas são tão, ou mais rigorosas, do que nós e o IAP fazemos. Agora, quem está realmente contrário às exigências do IAP e da Sadia são os produtores rurais que, estimulados por deputados federais, alguns até do nosso partido, e por senador -, que dizem “olha, nós vamos mudar a lei, você não precisa fazer a reserva legal”.
Então, nós, não vamos brigar com a Sadia. O problema não é a Sadia. O problema são aqueles que tentam fazer os agricultores não cumprir aquilo que o IAP quer e aquilo que a Sadia estabeleceu como norma.

Então, tem algumas coisas que não são necessárias que se coloque da forma como se coloca, como o Maurício colocou, núcleo e UDR. Eu nunca participei de uma reunião de UDR. Agora, da mesma forma que eu não concordo com a UDR, eu não concordo com algumas coisas que a esquerda faz, principalmente quando faz sem reunir e discutir democraticamente, como são os nossos princípios, com as pessoas envolvidas.

Me desculpem a todos por isso.”.