A crise que afeta os produtores rurais paranaenses, endividados e sem recursos para quitar os financiamentos junto a cooperativas e fornecedores de insumos, poderá agravar os problemas econômicos e sociais do interior do Paraná, se não houver firme ação de apoio do Governo Federal.

Esta foi a tônica dos pronunciamentos dos líderes agropecuários que relataram o difícil momento do setor em sessão especial da Assembléia Legislativa, dia 30 de maio. Eles solicitaram empenho da classe política paranaense para pressionar o Governo Federal a abrir uma linha de crédito emergencial que possibilite o refinanciamento das dívidas com os fornecedores.

“É preciso tratar a questão com urgência” – disse o presidente da FAEP, Ágide Meneguette – “ por que o interior do Estado está sujeito a sofrer as conseqüências de um desemprego em massa, não apenas no setor rural, mas em todos os setores da economia”.

Meneguette fez o alerta da tribuna da Assembléia, a convite do presidente da casa, deputado Hermas Brandão. Também se pronunciaram sobre o grave momento da agropecuária paranaense o presidente da Organização das Cooperativas (OCEPAR), João Paulo Koslovski, e o secretário-geral e diretor de Política Agrícola – FETAEP, Mário Plefka.

Koslovski lembrou que os recursos do Ministério da Agricultura para este ano estão praticamente esgotados, e solicitou uma suplementação orçamentária de um bilhão de reais para evitar reflexos negativos para a economia agrícola, especialmente para os produtores de algodão, arroz, milho e trigo. Ele também disse que é preciso agilizar os processos de reconhecimento de estado de emergência nos municípios. Mesma preocupação manifestou Mário Plefka, da FETAEP.

Segundo ele, 133 municípios decretaram estado de emergência por causa da seca, 98 foram reconhecidos pelo governo do Estado e apenas 32 pelo Governo Federal. Como só os municípios com reconhecimento federal serão alcançados pelas medidas de socorro, a maioria dos afetados, por enquanto, está fora dos planos do Governo.

O presidente da Assembléia, Hermas Brandão, disse que se não houver apoio imediato para os produtores rurais, o setor será duramente penalizado, comprometendo a contribuição que vem dando para o desenvolvimento do país.

Para o secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, a conjugação da seca com os baixos preços agrícolas e a desvalorização do dólar criou um dos piores momentos da vida produtiva no Paraná; ele ofereceu a estrutura da Emater e do Governo estadual para apoiar os agricultores. Os deputados Augustinho Zucchi, Plauto Miró e Élton Vélter também se solidarizaram com o momento difícil da agropecuária paranaense. O deputado federal Abelardo Lupion informou que a Comissão de Agricultura, do Congresso Nacional, deverá propor uma nova securitização das dívidas do setor.

Ágide Meneguette: “É preciso tratar a questão com urgência”

Presidente da OCEPAR, João Paulo Koslovski