"Carta do Paraná" sugere medidas
para enfrentar a crise no campo


Manifestação de produtores resulta em "Carta do Paraná"

No protesto foi aprovada a "Carta do Paraná", documento que aponta medidas urgentes para enfrentar a crise no campo. A carta recebeu o apoio dos milhares de produtores e das principais entidades representativas do setor agropecuário, como a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), a Organização das Cooperativas do Paraná (OCEPAR), a Sociedade Rural do Paraná (SRP), do senador Osmar Dias e do deputado federal Abelardo Lupion, do presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Hermas Brandão, e do deputado estadual Luiz Nishimori. A carta recebeu o apoio ainda dos presidentes dos Sindicatos Rurais, de prefeitos e

vereadores da região, além de representantes do comércio de insumos e equipamentos agrícolas. Veja abaixo a íntegra da carta:


Carta do Paraná

Mobilização do Campo pela Produção e pelo Emprego

"Representantes do Setor Produtivo Rural do Paraná, reunidos em Londrina no dia 31 de maio, querem o apoio da sociedade e do Governo para continuarem produzindo e gerando empregos e riquezas.

Os produtores rurais do Estado estão enfrentando uma grave crise. Plantaram sua safra a um dólar de R$ 3,10 com um custo de produção 25,5% maior. Ao colher, os preços internacionais havia despencado e o dólar baixado para menos de R$ 2,50 e ainda caindo. Para culminar, uma das maiores secas já registradas no Estado roubou pelo menos 20% da colheita.


   Esse quadro indica grandes prejuízos para os agropecuaristas e um problema sério de inadimplência junto a fornecedores de insumos, fora o que foi perdido com a aplicação de recursos próprios.

Os financiamentos oficiais estão sendo alongados – não como seria desejável e necessário, mas pelo menos ajudam a desafogar em parte a situação.

Contudo, há anos o crédito rural oficial é insuficiente, com limitações por tomador. Desta forma, produtores rurais são obrigados a recorrer a financiamento junto aos fornecedores de insumos e



Carreata de tratores em Londrina

cooperativas a juros de mercado. Com a quebra de safra e a queda de preços, os produtores não têm como saldar esses débitos e estão sendo pressionados.

Assim, é preciso mais. Neste momento, a saída é a obtenção urgente de novos recursos do Governo Federal para que esses débitos junto a fornecedores de insumos possam ser refinanciados. Se esses recursos não forem colocados à disposição da agropecuária, os produtores ficarão inadimplentes e não terão condições de plantar a próxima safra com o nível tecnológico necessário. Os fornecedores de insumos, por sua vez, não terão condições de financiar a sua parte, complementando o escasso crédito rural.

Como se vê, desenha-se não apenas uma crise passageira, mas um problema de longo prazo que vai afetar – como já está - não apenas os produtores rurais, mas toda a sociedade brasileira, principalmente a do interior, pelo desemprego no campo e nas cidades.



   Já que é o campo o responsável pelo grande sucesso do agronegócio, que gera divisas e saldos líquidos gigantescos na balança comercial externa, que gera empregos, e a riqueza do interior do País,os produtores rurais querem o pronto atendimento a essa demanda justa por uma linha de crédito que venha evitar um colapso da agropecuária do Paraná.

Os produtores rurais querem continuar produzindo e criando empregos no campo e na cidade...

O Governo Federal sensibilizado com a situação,

tomou algumas medidas de apoio ao setor, porém ainda insuficientes para resolver a situação no campo.

Considerando que o Paraná já está sentindo os reflexos negativos dessa situação, os agricultores presentes a este Ato Público, solicitam apoio do Governo Federal, para a efetiva e urgente implementação das propostas apresentadas a seguir:

Propostas:

  • Liberar recursos para prorrogação dos financiamentos obtidos pelos produtores junto às cooperativas e demais fornecedores, originários da aquisição de insumos agrícolas, para o plantio da safra 2004/05 e plantio de safrinha de 2005.

  • Desconsiderar os débitos prorrogados para efeito de cômputo dos limites de crédito para as cooperativas e produtores junto aos agentes financeiros.

  • Agilizar a liberação de recursos para operações de pré-custeio da safra 2005/2006.

  • Implementar, imediatamente, as medidas aprovadas pelo governo para prorrogação dos débitos de custeio e investimentos.

  • Restabelecer a Política de Garantia do Preço Mínimo, cumprindo o mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF) e Empréstimo do Governo Federal (EGF).

  • Renegociar as dívidas de produtores e cooperativas referentes ao Pesa, Recoop e Securitização.

  • Permitir a prorrogação automática dos financiamentos de repasse feito pelas cooperativas agropecuárias aos seus associados conforme previsto no MCR 6.2 e MCR 6.4, bem como, a prorrogação dos financiamentos obtidos pelas cooperativas junto aos fornecedores de insumos em regiões afetadas pela estiagem.

  • Aprovar rapidamente os processos de reconhecimento de Estado de Emergência em municípios afetados pela seca.

  • Agilizar a aprovação dos recursos advindos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que se encontram em negociação junto ao Governo Federal, para viabilizar a renegociação das dívidas dos agricultores.

  • Suplementar o orçamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em pelo menos R$ 1,00 bilhão no ano de 2005. Ainda são necessários, adicionalmente, mais R$ 60 milhões para apoio aos programas de sanidade agropecuária e R$ 100 milhões para subvenção ao prêmio do seguro rural.

Assim, contamos com o apoio de toda a opinião pública e das autoridades a estas importantes reivindicações de um setor que muito tem contribuído para o desenvolvimento do País, através de consecutivos recordes na Balança Comercial.

É dada a hora do Brasil

ajudar a Agricultura!

Londrina, 31 de maio de 2005."


Boletim Informativo nº 867, semana de 6 a 12 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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