Política equivocada do governo para o
 campo motivou o protesto

A manifestação tinha apenas o caráter reivindicatório. Mas acabou ganhando contornos de forte protesto contra a política econômica do governo federal para o campo. Isto podia ser visto de várias formas.

No pedágio de Rolândia da BR-369, por volta das 9 horas, era grande o volume de ônibus vindos de várias regiões do Estado. Agricultores inconformados refletiam o pensamento em enormes faixas estendidas do lado externo dos ônibus. Num deles, com dezenas de agricultores



Produtores no pedágio de Rolândia

mobilizados pelo Sindicato Rural de Maringá, o protesto na faixa: “Para quem especula e invade, todo apoio! Aos produtores rurais, recursos insuficientes e desestímulo!

"Uma fila de mais de 10 quilômetros de centenas de ônibus, caminhões, tratores e veículos leves começou a mobilização até chegar diante do parque de exposições Ney Braga, em Londrina. A manifestação, marcada para as 11 horas, começou com mais de uma hora de atraso de tanto movimento de veículos arregimentados para o protesto.

Sem refinanciamento, desemprego às portas

Antes de começar o protesto, os manifestantes mostraram seu descontentamento por conta da profunda crise da agricultura. Sérgio Fumihiko Adamya, dono de cinco alqueires e com mais 50 alqueires arrendados em Warta, distrito de Londrina, esperava colher cinco mil sacas de soja nesta safra. Ao final, por causa da estiagem e situação agravada pelos baixos preços e custos elevados, colheu menos de três mil sacas. “Não vou cobrir nem os custos e não vou plantar trigo. Para quê?” – questiona. Ele diz que, juntamente com o irmão Celso, se não plantasse folhosas em quatro alqueires, estaria  “mais quebrado do que arroz de terceira”.



Reunião no pedágio


   Ele confidencia ter vários amigos que, não tendo uma segunda alternativa de renda a não ser a produção de grãos, já começam a vender máquinas e até parte da propriedade. Perderam dinheiro por colocarem recursos próprios e não possuem condições de pagar cooperativa, banco e fornecedores de insumos.

José Aroldo Galassini, presidente da Coamo, a maior cooperativa singular da América Latina e com sede em Campo Mourão, reconhece a inadimplência dos produtores como também a reação em cadeia em empregos, no comércio e na indústria. “O governo precisa prorrogar as dívidas sem que o agricultor perca o limite de crédito,” comenta. Para o presidente do Sindicato Rural de Maringá José Antônio Borghi, e produtor de grãos, o governo ainda não se deu conta do “tamanho do estrago se não refinanciar as dívidas pendentes junto às cooperativas e fornecedores”.


Boletim Informativo nº 867, semana de 6 a 12 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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