SOS do campo reúne milhares de | |
| Osmar Dias e o deputado federal Abelardo Lupion, além do presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Hermas Brandão, e o deputado estadual Luiz Nishimori. Ainda prestaram apoio ao documento presidentes dos Sindicatos Rurais, prefeitos e vereadores da região, assim como representantes do comércio de insumos e equipamentos agrícolas. Mais de 12 mil produtores rurais fizeram manifestação em Londrina semana passada (31/05) para denunciar a crise que atinge o setor agropecuário e pedir medidas efetivas de socorro por parte do Governo Federal. Eles |
aprovaram a “Carta do Paraná”, um documento que aponta medidas urgentes para enfrentar a crise no campo. A mobilização fez parte de um movimento nacional dos produtores que se vêem endividados e sem condições de pagar financiamentos junto às cooperativas e fornecedores de insumos. A crise é resultado de uma conjugação de fatores adversos: seca, dólar desvalorizado e baixos preços das commodities agrícolas, além de recursos escassos para o crédito agrícola. As mobilizações ocorreram em catorze estados brasileiros. No Paraná houve protestos organizados nas ruas de Londrina, Pato Branco, Ivaiporã e Nova Cantu. Em Londrina, a Polícia Militar estimou o número de participantes em mais de 12 mil. O ato mobilizou ainda 250 ônibus, 300 tratores, 200 caminhões e acima de 500 veículos do Norte, Noroeste, Centro-Oeste, Sudoeste e Oeste. Em Ivaiporã, região central, 1.200 agricultores também fizeram o SOS do Campo. A “Carta do Paraná” recebeu o apoio dos milhares de produtores e das principais entidades representativas do setor agropecuário, como a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), a Organização das Cooperativas do Paraná (OCEPAR), e as Sociedades Rurais do Paraná (SRP). Participaram do manifesto o senador Osmar Dias e o deputado federal Abelardo Lupion, além do presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Hermas Brandão, e o deputado estadual Luiz Nishimori. Ainda prestaram apoio ao documento presidentes dos Sindicatos Rurais, prefeitos e vereadores da região, assim como representantes do comércio de insumos e equipamentos agrícolas. Entre as reivindicações dos produtores, a principal é o refinanciamento das dívidas da categoria junto às cooperativas e fornecedores de insumos com juros do crédito rural: 8,75% ao ano. Conforme levantamentos apresentados no protesto, o crédito rural oficial cobre não mais de | |
35% dos custos de produção. O restante é rateado com recursos dos próprios produtores, de cooperativas e fornecedores de insumos. Histórico da crise - Os agricultores plantaram a safra 2004/2005 com o dólar a R$ 3,10. Tiveram, ainda, custo de produção 25,5% maior. Ao colher, os preços internacionais haviam despencado e o dólar desvalorizado para menos de R$ 2,50. A moeda americana continua caindo. Além disso, uma das maiores secas já registradas no Estado diminuiu em 20% a colheita, provocando prejuízo de R$ 2,3 bilhões | Produtores protestam em Londrina. |
e produção cessante superior a 5 milhões de toneladas. Diz o documento: “Existe forte inadimplência junto a fornecedores de insumos, fora o que foi perdido com a aplicação de recursos próprios. Os financiamentos oficiais estão sendo alongados – não como seria desejável e necessário, mas pelo menos ajudam a desafogar em parte a | |
Senador Osmar Dias fala aos agricultores | situação. Com a quebra de safra e a queda de preços, os produtores não têm como saldar esses débitos e estão sendo pressionados”. A Carta do Paraná pede recursos urgentes do Governo Federal para refinanciamento dos débitos junto a fornecedores de insumos. Se isto não acontecer, os produtores ficarão inadimplentes e não terão condições de plantar a próxima safra com o nível tecnológico necessário. Os fornecedores de insumos, por sua vez, não conseguirão financiar a sua parte em
complemento ao escasso crédito rural. |
Propostas emergenciais O documento lido e aprovado por milhares de produtores rurais no manifesto de ontem, em Londrina, pede, em caráter emergencial: * Recursos para prorrogação dos financiamentos obtidos pelos produtores junto às cooperativas e demais fornecedores, originários da aquisição de insumos agrícolas, para o plantio da safra 2004/05 e plantio de safrinha de 2005; * Desconsiderar os débitos prorrogados para efeito de cômputo dos limites de crédito para as cooperativas e produtores junto aos agentes financeiros; * Agilizar a liberação de recursos para operações de pré-custeio da safra 2005/2006; * Implementar, imediatamente, as medidas aprovadas pelo governo para prorrogação dos débitos de custeio e investimentos.; * Restabelecer a Política de Garantia do Preço Mínimo, cumprindo o mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF) e Empréstimo do Governo Federal (EGF); * Renegociar as dívidas de produtores e cooperativas referentes ao Pesa, Recoop e Securitização; * Permitir a prorrogação automática dos financiamentos de repasse feito pelas cooperativas agropecuárias aos seus associados conforme previsto no MCR 6.2 e MCR 6.4, bem como, a prorrogação dos financiamentos obtidos pelas cooperativas junto aos fornecedores de insumos em regiões afetadas pela estiagem.; * Aprovar rapidamente os processos de reconhecimento de Estado de Emergência em municípios afetados pela seca.; * Agilizar a aprovação dos recursos advindos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que se encontram em negociação junto ao Governo Federal, para viabilizar a renegociação das dívidas dos agricultores; * Suplementar o orçamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em pelo menos R$ 1 bilhão em 2005. Ainda são necessários, adicionalmente, mais R$ 60 milhões para apoio aos programas de sanidade agropecuária e R$ 100 milhões para subvenção ao prêmio do seguro rural. |
Boletim Informativo nº 867, semana de
6 a 12 de junho de 2005 | VOLTAR |