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Mulheres têm participação crescente nas turmas da primeira fase do programa
Entre os quase 200 títulos de cursos de formação profissional rural oferecidos pelo SENAR-PR, há treinamentos voltados a atividades operacionais e de gestão da propriedade rural. Os números gerais mostram um crescimento na participação das mulheres nesses cursos. Nos cursos de administração rural a participação média de mulheres entre os anos de 2001 e 2004 foi de 29%, índice que subiu para 37% no ano de 2005. “A gente percebe que a mulher vem buscando um espaço especialmente na área de gestão”, observa Élcio Chagas, coordenador do Programa Empreendedor Rural no SENAR-PR.
O programa é uma boa amostra do interesse crescente das mulheres do meio rural pela qualificação na área de gestão do agronegócio. No primeiro semestre do programa elas eram 27% do público total. Dois anos depois, o percentual subiu para 37%. “A expectativa é que esta tendência se confirme ao longo do tempo e que haja uma gestão compartilhada (homem/ mulher) nas propriedades rurais”, completa Élcio.
Em Loanda, noroeste do estado, encontramos um bom exemplo disso. A produtora rural Loiri Melania Moraes Bahu administra a propriedade rural ao lado
do marido Arivan Bahu. “Ele se encarrega da parte de alimentação do gado, silagem, plantio enquanto eu cuido da ordenha e da parte administrativa”, explica. Loiri tem os números na ponta da língua: “São 26,75 alqueires, 110 animais em sistema de semi-confinamento, 30 em produção de18 litros/dia / animal no verão e 23 litros /dia / animal no inverno”. Em 2004, Loiri participou da primeira fase do PER e hoje faz uma análise do que mudou em sua maneira de administrar: “Antes eu simplesmente trabalhava, agora estou de olho no que tem que melhorar para colher os resultados no futuro”. Ela acredita que um dos grandes trunfos do programa é mostrar ao produtor a importância de estar bem informado e de como entender melhor as informações que circulam sobre o mercado. Loiri desenvolveu um projeto sobre irrigação de pastagem que deve estar implantado até o fim deste ano. “Já estamos em contato com a Copel para saber como funciona o programa de irrigação noturna, que vai baratear os custos, e estamos buscando financiamento pelo PRONAF”, diz a produtora que estima gastar por volta de R$ 15 mil na implantação. Atualmente Loiri participa da fase três do PER. Está animada com o conteúdo do programa e acha que o fato de trabalhar com o tema liderança vai despertar os produtores para a importância de se unirem em suas conquistas. Sobre o projeto de caráter associativo, ela pensa em trabalhar em favor de uma associação para os produtores de leite da região. Casos de sucesso - Zeila Maria Gomes Manchini é produtora rural em Ibiporã. Participou da primeira turma do Programa Empreendedor Rural, no segundo semestre de 2003. Junto com os colegas Diogo Soares Sá e Humberto Braz de Almeida desenvolveu projeto em apicultura sobre a criação de raças européias. Atualmente existem 15 colméias instaladas na chácara, de raças européias. A produção estimada é de 30 quilos de mel/ colméia/ ano e 4 quilos de pólen. Isso em uma área de um hectare, aproveitando o potencial do restante da propriedade onde se produz café, poncã, milho, etc. Inicia-se agora um a nova fase em que a produtora está buscando parceria para aumentar o número de colméias. “Aqueles produtores que tem interesse na atividade mas não querem trabalhar diretamente com apicultura fornecem especo para que a gente (os sócios Zeila e Diogo) instale as caixas e administre. No fim do processo passamos para ele 10% da produção”, explica. Já existem dois parceiros nesse sentido. Uma colega da fase três do Programa Empreendedor Rural, de Sertaneja e Humberto, que foi co-autor do projeto na fase um. Zeila conta que o lucro obtido até agora com a atividade está sendo reinvestido: “Foi uma opção nossa para não entrarmos em financiamento. Este ano fizemos a comercialização direta como consumidor mas a partir do próximo ano, pelo volume que teremos, vamos ter de procurar um entreposto”, comenta Zeila. No ano passado, Zeila voltou à sala do PER, desta vez para junto com o filho Luiz Rodolfo Manchini, desenvolver um projeto de turismo rural em sua propriedade. Ela agenda cafés rurais para grupos fechados e há também pesca na propriedade que é ladeada pelo Rio Tibagi. Atravessando o rio existe uma ilha de 16 hectares. Zeila está consultando o IAP sobre a possibilidade de exploração do espaço em atividades que não ofereçam risco de degradação ambiental. Outro caso de sucesso é o da produtora de Ribeirão Claro, Ivone Sogaiar. Aos 70 anos, ela cultiva café orgânico e garante que o Programa Empreendedor Rural exerceu papel fundamental no resultado de seus negócios: “estou vendendo café orgânico para os EUA, Emirados Árabes e Japão”. Da produção de 500 sacas, que é ecrtificada, é feito um blend com café do cerrado. “Cem por cento do que produzo é exportado. Estou pensando em ampliar a área e sei que o que eu produzir tem mercado certo”, afirma. Há anos Ivone se dedica à conversão da propriedade para o sistema orgânico. Como o espaço é pequeno a opção de produção foi pelo café adensado. E procurando agregar valor a sua propriedade, dona Ivone vem aproveitando a produção de |
bananas (das bananeiras utilizadas para servir de divisa entre a propriedade orgânica e as convencionais vizinhas) na produção de doces e banana-passa. Segundo ela, a produção que ainda é artesanal é toda vendida diretamente ao consumidor. Dona Ivone lembra que houve muito amadorismo nos primeiros anos como administradora, por isso destaca a importância de um programa como o Empreendedor rural: “O programa me ajudou a me organizar melhor, abriu meus horizontes, me ensinou a controlar e planejar”. |
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Boletim Informativo nº 866, semana de 30 de maio a 5 de junho de 2005 | VOLTAR |