Programa Agrinho - dez anos: Saúde, meio ambiente, cidadania Desde 1995 os alunos das escolas públicas do Paraná convivem com o Programa Agrinho. O personagem é um garoto sardento e loiro que, entre os meses de agosto e outubro, orienta centenas de milhares de estudantes sobre preservação ambiental, saúde, cidadania e trabalho infantil. O Agrinho é um programa alegre que trabalha os temas transversais com crianças e adolescentes regularmente matriculados no ensino fundamental. Na conclusão, são promovidos concursos de redação e desenho, que há 10 anos premiam professores e alunos em todos os quadrantes do Estado. Nos últimos anos, o programa passou a premiar também os municípios que se destacam na participação, apoio e incentivo para a realização dos projetos de conclusão, idealizados em sala de aula por esPara a professora e doutora em Mídia e Conhecimento, Patrícia Lupion Torres, coordenadora do programa desde sua implantação em 1995, é preciso destacar os diferenciais do Agrinho em relação a outros projetos do setor. “É um dos poucos que passou uma década dentro da escola e continua mostrando resultados positivos de adesão dos professores”, diz. Por tratar-se de um programa não governamental, o Agrinho surpreende também pelo fato de ter atravessado praticamente invicto a três mandatos de Governo de Estado e quase quatro de prefeitos. “Isto é muito difícil” ressalta Patrícia, lembrando que são raras as propostas que não mudam e permanecem por tanto tempo com aceitação plena, como tem sido o Agrinho. Desde o início a proposta é voltada à criança e ao jovem que se encontram na escola. Têm a ver com a sobrevivência e o desenvolvimento do meio rural. “O trabalho está voltado para a análise das informações, o uso da tecnologia, para o desenvolvimento da ação solidária, para a criação de uma cultura que valoriza a convivência social e ambiental dentro de padrões éticos que devem refletir a melhor condição humana”, explica Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP e Senar Paraná. Alerta - Centrado na saúde do trabalhador e de sua família, o Agrinho surgiu como uma iniciativa destinada a orientar os estudantes da área rural, futuros produtores rurais e conscientizá-los de suas responsabilidades sociais, de cidadania e em relação ao meio- ambiente. “O sinal mais contundente da necessidade de interferir nessa realidade era proporcionada pelas estatísticas sanitárias da época”, aponta Patrícia Lupion Torres. Em 1993, era muito alto número de casos de intoxicação por agrotóxicos no meio rural. Conforme o Sistema de Vigilância de Intoxicações houve 1.045 casos com 96 mortes no Paraná. Em 1994 houve 956 casos e 103 óbitos com a mesma causa, vitimando de crianças com apenas 10 anos de idade a chefes de família e mulheres com 29 anos. Criado pelo Senar Paraná em 1995, o Agrinho foi concebido para ensinar crianças a evitarem intoxicação com agrotóxicos e a contaminação do meio ambiente, com ênfase na proibição legal de menores de idade manusearem os agroquímicos. Prêmio mudou a vida do estudante Marcelo Gomes da Costa tinha pouco mais de 13 anos em 1998 quando seu poema “A Adolescência” foi selecionado para o concurso Agrinho. Estudava na 7ª série do ensino fundamental do Colégio Estadual Ubaldino do Amaral, em Santo Antônio da Platina. Ganhou o prêmio de melhor do Estado no tema Saúde Jovem, escrevendo sobre a sexualidade na adolescência. De prêmios ganhou um computador e uma televisão, recebidos durante a festa de encerramento anual do programa, em Curitiba. A volta para a casa, em Santo Antônio da Platina, foi seguida de acontecimentos com que ele apenas sonhava. Filho único, criou-se com os pais trabalhando duro noite e dia para que ele pudesse estudar e formar-se. Cursou a 8ª série, completando o ensino fundamental. Ganhou uma viagem para Porto Seguro (Bahia) e uma bolsa de estudos para estudar no colégio particular Casucha, em que cursou os três anos seguintes. Completou o ensino médio e começou a trabalhar. “Como minha vida mudou para melhor”, conta hoje aos 20 anos. “O Agrinho foi muito importante, me ensinou, me deu oportunidade de estudar mais e conhecer gente nova”. Marcelo trabalha em uma empresa de cópias e está tentando vestibular para o curso de Direito na faculdade de Jacarezinho. Conhecido de milhões de pessoas no campo Neste momento em que completa uma década de existência, o Agrinho está passando por duas novas experiências. A primeira é uma pesquisa com alunos e professores que participaram e foram ganhadores dos prêmios no Estado. A outra será concretizada em 15 de julho quando o Agrinho passar por um processo de avaliação, em Curitiba, durante uma reunião de professores, acadêmicos e secretários municipais de educação, com o objetivo de definir os novos rumos do programa Uma trajetória brilhante vem sendo a dessa proposta surgida em 1995 e implantada em 1996. De projeto piloto iniciado em escolas públicas de 9 Municípios, o Agrinho projetou-se para as atuais 398 das 399 cidades do Paraná. O número de crianças e adolescentes orientados por seu intermédio já ultrapassou as 3,5 milhões de jovens. Só para 2005, a expectativa é da participação de mais 1,5 milhão de estudantes e 75 mil professores de estabelecimentos do sistema oficial de ensino fundamental e de ensino especial no Estado. O programa já ultrapassou as divisas do Paraná e encontra-se em escolas públicas do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ceará, Distrito Federal e Mato Grosso. A Bahia será o próximo estado a adotá-lo. |
Boletim Informativo nº 866, semana de 30 de maio a 5 de junho de 2005 | VOLTAR |