Carne

Cresce conscientização do pecuarista e interesse do consumidor no Paraná

Uma década sem casos de aftosa reflete-se nas exportações

A última década de mobilização da pecuária paranaense trouxe um grande aprendizado sob o aspecto sanitário. A avaliação é do vice-presidente do Fundepec- Paraná, Wilson Thiesen, em Curitiba, durante o último Fórum Paraná 10 Anos sem Aftosa que aconteceu em Curitiba (20). Segundo Thiesen, o período foi importante para a união dos produtores.

O Fórum reuniu mais de 400 lideranças dos produtores e técnicos da agropecuária paranaense, marcando a conclusão da primeira etapa da campanha 2005 de vacinação contra febre aftosa.
Conforme o assessor de Pecuária da FAEP, Alexandre Jacewicz, quando se percorre o interior do Estado dá para sentir os resultados dessa mobilização. Os pecuaristas estão muito conscientes da importância de manter os rebanhos livres de doenças, principalmente das zoopatias restritivas para o comércio internacional.

“Estão se profissionalizando, deixando de serem apenas criadores de boi para transformarem-se em produtores de carne”, define Jacewicz.

Tomando-se o exemplo da febre aftosa, continua o especialista, desde que a doença passou a ser controlada pela vacinação “o Paraná foi melhorando sua credibilidade até ser reconhecido, em 2000, pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) como área livre da doença com vacinação”.

Jacewicz cita os números da evolução da qualidade da carne paranaense. Somente entre 1999 e 2004, a receita da carne bovina aumentou 700%, enquanto a receita obtida pela comercialização da carne de aves teve um acréscimo de 177%.

O caminho a partir de agora é tão exigente de atenção e empenho dos pecuaristas como foi até 2000, e depende de iniciativas dos Governos Federal e do Estado.

Do Governo Federal é necessária a efetivação da proposta de reestruturar o sistema de fiscalização sanitária, assumindo definitivamente a coordenação geral da Defesa Sanitária Agropecuária Nacional, uma responsabilidade a ser compartilhada com os Estados.

Melhorar a estrutura é condição para que os produtores partam para conquistas de novos mercados, como o Japão, Coréia, dos Estados Unidos e Canadá.

A segunda condição é o desbloqueio de recursos do Ministério da Agricultura para a defesa agropecuária dos Estados. De 2003 para cá foram destinados R$ 137 milhões para o setor, sem que nenhum tostão chegasse ao Paraná nos últimos dois anos.

“A pecuária do Paraná é de qualidade mas tem muito a ganhar ainda em eficiência e competitividade”, ressalta Jacewicz.

Outro fato que marcou a década foi a eclosão do Encefalopatia Espongiforme Bovina, o Mal da Vaca Louca, que provocou pânico entre consumidores do mundo todo. O efeito mais próximo da pecuária nacional foi sentido na credibilidade da carne de selo brasileiro.

O Brasil passou incólume pela fase aguda e de revelação dos casos da vaca louca. Não se registraram ocorrências no rebanho bovino do País. “O monitoramento de técnicos e pecuaristas em relação aos animais importados de outros países é muito rígido”, explica. Este fato se reflete na confiabilidade do consumidor externo em relação a carne do boi a pasto e ao sistema de produção pecuária do Brasil.


Boletim Informativo nº 866, semana de 30 de maio a 5 de junho de 2005
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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